APT. 0X:
NA QUESTÃO
RECITAÇÃO, O CALIFADO X O PROFETA
QUESTÃO:
- SE MUHAMMAD
(MAOMÉ) TERIA DITO QUE O ALCORÃO ERA PRA SER RECITADO (Ou lido?) DE SETE
MANEIRAS DIFERENTES, COMO JULGAR, SENÃO COMO UM SACRILÉGIO, O ATO
DO TERCEIRO CALIFA EM QUERER REDUZIR O LIVRO A UMA ÚNICA???
APONTAMENTOS:
1 - HUDHAIFA
disse:
"Diz-se
pelo povo de Kufa: 'A leitura de Abdullah (IBN MASUD)'; e é dito
pelo povo de Basra: 'A leitura de Abu Musa (AL-ASHERI)'. Por Deus! Se
eu não ir para o Comandante dos Fiéis (UTHMAN) e exigir dele que
eles sejam afogados."
ABDULLAH (Ibn
Masud) respondeu-lhe:
"Fazei-o, e
por Deus, você também será afogado, mas, não na água."
(IBN DAWUD, Kitab al-Masahif, pág. 13)
(IBN DAWUD, Kitab al-Masahif, pág. 13)
Nota:
Masud retruca
Hudhaifa, se pondo contra o seu intento: o de punir os praticantes de
leitura (Ou apenas recitação?) variantes, além de propor (Como
iria acontecer.) a imposição de um único Alcorão. Masud diz com
veemente insinuação que Hudhaifa, em levando a cabo aquele intento,
seria afogado no fogo do inferno.
2 -ALI:
"Por Allah,
ele (UTHMAN) não agiu ou nada fez a respeito dos manuscritos
(Masahif.), senão em plena consulta a nós, pois ele disse: 'Qual a
sua opinião sobre essa questão de qira'at (Leitura, recitação???)? Foi-me relatado que alguns estão dizendo: 'Minha leitura é
superior à sua leitura'. E isso é uma perversão da verdade.
Perguntamos-lhe: 'E qual a sua opinião (sobre isso)?' Ele (UTHMAN)
respondeu: 'Minha opinião é que devemos unir as pessoas num só
texto (mushaf waahid), então não haverá mais divisão ou
discordância'. Respondemos-lhe: 'Que ideia maravilhosa!'.
Alguém na
reunião perguntou: 'De quem é o mais puro (Árabe.) entre as
pessoas?' E era o de SAID IBN AL-AS, sendo o melhor leitor (Do
Árabe.) entre eles ZAID IBN THABIT. Ele (UTHMAN) disse: 'Deixe que
um escreva e o outro dite'. Depois disso, eles realizaram a sua
tarefa (Ditar e redigir.) e as pessoas foram unidas em um (só)
texto."
(ABI DAWUD, Kitab al-Masahif, pág. 22)
(ABI DAWUD, Kitab al-Masahif, pág. 22)
3 - MUHAMMAD (Maomé) a Umar:
"O Alcorão
foi revelado para ser recitado de sete maneiras diferentes. Então,
recite-o na que é mais fácil para você."
(SAHIH AL-BUKHARI, Vol. 06, pág. 510)
(SAHIH AL-BUKHARI, Vol. 06, pág. 510)
4 - É obvio que
um mesmo texto pode e tende a ser recitado (E, no caso de um idioma
consonantal, até mesmo lido nas variantes e possíveis variações.) de maneiras diferentes. Irá depender
de quem o faz. E, saindo do nível da simples leitura para o da
escrita, no que diz respeito a traduções, o mesmo irá acontecer,
pois estas jamais serão totalmente idênticas. Leitura e tradução
são de uma complexidade tamanha que a inteligência dos
participantes daquela reunião, mencionada por Ali, certamente não podia alcançar e sequer vislumbrar. Ou não quereria as Tradições, em se tratando
da história (Ou estória?) da compilação do Alcorão, encobrir uma
CONTRADIÇÃO BEM MAIOR que a do assunto posto em pauta?
Quanto à
RECITAÇÃO ou as maneiras de se dizer um texto, ela tem a ver com
ENTONAÇÃO, VOLUME e as próprias PECULIARIDADE DA LEITURA
(Ágil, lenta ou alternada.). Então, não há nada que justifique a
queima de livros, em sua essencialidade iguais, principalmente
quando se supõe ser os mesmos a Palavra de Deus.
O ARGUMENTO
recitação simplesmente não convence. E quanto às leituras
diferentes, estas eram plenamente possíveis, num escrita consonantal, ainda que fossem totalmente idênticos os textos. As evidências mostram, todavia, não ser o caso.
5 - O que HUDHAIFA toma como o POMO DA DISCÓRDIA; e, por isso, entra em choque com IBN MASUD; além de contribuir para que aconteça o mesmo entre o povo (O qual tinha os Alcorões que seriam queimados por a palavra do deus Allah) e o terceiro califa, fosse mesmo apenas recitação e até mesmo leitura, TERIA SIDO UMA QUESTÃO JÁ RESOLVIDA pelo próprio profeta do Islamismo. Pois a afirmação de MAOMÉ, àquele que se tornaria o segundo califa (Se que "O Alcorão foi revelado para ser recitado de sete maneiras diferentes. Então, recite-o na que é mais fácil para você.".) desautorizaria o ato da imposição do Alcorão de Zaid pela razão alegada.
Mas... RECITAÇÃO ou LEITURAS? E por que não, embora se perceba todo o inútil esforço dos apologistas islâmicos em encobrir, VARIANTES e VARIAÇÕES textuais?
6 - E qual seria o CONTEXTO e as IMPLICAÇÕES do que teria dito Maomé a Umar?
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7 - Todo esse
conjunto de informações, se verdadeiras, deixam em choque o que
Maomé teria dito sobre as recitações (Ou leituras?). Para ele, estas deveriam ser
feitas de SETE MANEIRAS DIFERENTES, permitindo a cada muçulmano a
escolha pela que achasse mais fácil. A
decisão do CALIFADO DE UTHMAN, porém, desconsidera o dito do
profeta, tentando reduzir o livro a um único texto. E, consequentemente, visando abolir as variantes (Ou variações?) em sua leitura.
Este fato, por si somente, deixa em evidência uma GRAVE CONTRADIÇÃO que a religião não teria como resolver e com os seguintes AGRAVANTES:
Este fato, por si somente, deixa em evidência uma GRAVE CONTRADIÇÃO que a religião não teria como resolver e com os seguintes AGRAVANTES:
i - A decisão
somente pode ser vista como um SACRILÉGIO.
ii - Embora
escrito no dialeto coraixita, no qual teria sido "revelado",
a recitação (Ou leitura?) do Alcorão de Zaid não seria a mesma de
Maomé. E isso de acordo com o principal recitador por aquele
mencionado: Ibn Masud.
iii - A escolha
de IBN AL-AS, de quem era o puro Árabe (E culto?) e de IBN THABIT, o
melhor leitor (Pressupõe-se dificuldade na leitura.) desse mesmo
Árabe na sua forma mais pura (E culta?) não implicaria no fato de
que o analfabeto Maomé teria dificuldades em compreendê-lo???
De fato, o
argumento RECITAÇÃO não convence; e, além disso, inviabiliza
qualquer projeto de tradução da obra para qualquer outro idioma. E ele teria servido apenas
para "justificar" a queima do que seriam as FONTES
PRIMÁRIAS ou MANUSCRITOS ORIGINAIS da religião. E nunca é demais
lembrar: num tempo em que a tecnologia (Pergaminho.) já facilitaria
a conservação dos mesmos até aos dias de hoje, para eventuais
correções da edição da obra e de suas traduções para outras
Línguas. Não vejo, portanto, outra explicação para o ocorrido,
senão pelo fato de que teriam existido INÚMERAS VARIAÇÕES TEXTUAIS
nas compilações. Logo, geradoras as variantes e variações de conflitos que se desejou evitar; mas, impedindo ao Islamismo de resolver o principal: o de saber responder QUAL SERIA O ALCORÃO VERDADEIRO? As sobras do que restou (A compilacao de Zaid.) ou um dos mais dez que foram para o fogo (As compilações dos demais recitadores.)???
.
II - SIMPLICANDO AO MÁXIMO:
.
1 - O argumento RECITAÇÃO, por não ser convincente, tende a ser eliminado desta questão.
.
2 - Já o argumento LEITURAS DIFERENTES é o totalmente aceitável, quando se utiliza para tal um texto escrito num IDIOMA CONSONANTAL e sem nenhum sinal, à época, de vocalização. Assim foram escritos os Alcoroes tidos pelos mais antigos, embora não se possa comprovar que pertençam ao tempo de UTHMAN e de Zaid pelo seguinte:
- Alguns de seus exemplares ou fragmentos mais antigos trazem a característica. Todavia, segundo John Gilchrist, estudioso da matéria, outros que foram escritos bem depois também a conservam.
- Por outro lado, SINAIS DE VOCALIZAÇÃO e os PONTOS DIACRITICOS que distinguem algumas consoantes foram, posteriormente, inseridos em textos antigos.
- Ainda segundo Gilchrist, a maioria dos manuscritos mais antigos não mencionam data e local de sua origem. E a inserção de um COLOFAO, no final da obra, somente seria adotada em séculos posteriores.
Daí que a melhor pista para se chegar à DATA REAL de um manuscrito é a Paleografia. O TIPO DE ESCRITA, seu surgimento e desenvolvimento em determinado tempo e lugar, dão maior exatidão.
Como observa o autor, "não se pode presumir automaticamente que um texto é de grande antiguidade porque está confinado às consoantes básicas, sem quaisquer sinais diacriticos ou de vogais."
3 - Entre a Tradição atribuída a MUHAMMAD (Maomé) e as Tradições atribuídas a HUDHAIFA X MASUD, a ALI e, posteriormente, conforme ainda veremos, a IBN MUJAHID, abre-se um VAZIO CONCEITUAL, que precisa ser preenchido.
.
i - Um estudioso do porte de John Gilchrist, no seu Jam Qur'an, é taxativo:
"Não há nada nas primeiras obras da Sirat e Hadith dando qualquer indicação sobre o que essas leituras realmente eram exceto por uma declaração atribuída a Maomé de que elas eram todas partes do Alcorão como revelado por Allah."
.
ii - DE NOVO: Qual seria o contexto para a declaração de Maomé, de que o Alcorão teria sido revelado de sete maneiras (Recitação, leituras ou textos?) diferentes e, por isso mesmo, cada islâmico deveria escolher para si a melhor?
Ibn Umar estaria perto de esganar um muçulmano que recitava o Alcorão (E aqui cabendo todos os indicativos de DITOS e não MODO DE DIZER.) diferente do que ele, UMAR, recitava ou estava acostumado a ouvir.
Aquele homem estava lendo algum manuscrito?
Falava de memória o que teria ouvido e o que ouvira, embora se tratasse dos mesmos versos, soava tão diferente para UMAR??
Ou teria, por limitação de compreensão, etc., entendido de outro modo o que lhe teriam repassado???
.
iii - Sobre o Alcorão que teria ficado, A COMPILAÇÃO DE ZAID IBN THABIT, há o testemunho de ninguém menos que Abdullah Ibn Masud, o principal recitador mencionado por Maomé, de que NÃO ERA O DA LEITURA DO PROFETA. É, obviamente, não podia ser o da mesma recitação.
Este é o grande desdouro, aliás, mais um, que o Islamismo não tem como retirar de si.
.
iv - John Gilchrist, no seu JAM QUR'AN, no informa os extremos a que esta questão, no seu vazio conceitual, foi levada. Do mesmo modo que, após a morte de Maomé, teria havido a PROLIFERAÇÃO de manuscritos fragmentados ou por inteiro do que teria sido as sobras do Alcorão, trezentos anos após a morte do profeta do Islamismo, é que se definiu quais seriam essas (supostas) sete leituras autorizadas do texto consonantal do livro tido por sagrado pelo Islamismo. E isso porque apesar do livro ter sido reduzido a um único texto, e justamente para impedir leituras diferenciadas, estas teriam, a despeito de tudo, proliferado. Tudo isso serve apenas pra evidenciar quão sacrílego foi o ato insensato de Hudhaifa quanto inútil.
.
v - "Em 322 AH, uma autoridade bem conhecida do Alcorão em Bagda, IBN MUJAHID, resolveu resolver essa questão.
(...)
Ele escreveu um livro intitulado Al-Qira'at as-Sab'ah (" As Sete Leituras") baseado no hadith que afirmava que havia sete autorizações divinas do Alcorão e ele estabeleceu sete das leituras atuais como cânones (...) e declarou que as outras eram shadhdh ("isoladas", isto é, não canônicas)."
Leia "atuais" como sendo leituras vigentes no tempo de MUJAHID. Sim, eram bem mais do que sete, quando deveria ser apenas uma, fosse o sucesso da IMPOSIÇÃO E QUEIMA DOS ALCORÕES.
.
vi - IMPLICAÇÕES:
.
- O FEITO DE MUJAHID seria possível, quando da imposição do Alcorão de ZAID IBN THABIT?
Jamais. A imposição de um único texto foi política e não teologicamente sancionada para suprimir o que Maomé havia dito fazer parte da (suposta) revelação do Alcorão: recitação ou leituras (Em número de sete.) diferentes.
.
- HÁ COMO relacionar as sete leituras escolhidas por MUJAHID, assim como as outras existentes no seu tempo (Século IV do Islamismo.), com as leituras do tempo de MAOMÉ e, depois, de UTHMAN?
Sensatamente, não. A menos que o real motivo da QUEIMA DOS ALCORÕES, no após morte do profeta do Islamismo, não fosse mesmo apenas leituras e/ou recitação, mas... manuscritos com VARIANTES e VARIAÇÕES TEXTUAIS gritantes. Gilchrist nos informa que o KITAB AL-MASAHIF de Ibn Abi Dawud "preenchem nada menos que dezenove páginas e, de todas as fontes disponíveis, pode-se encontrar nada menos que 101 variantes apenas na Suratul-Baqarat." E tudo isso somente em relação ao Alcorão de IBN MASUD em comparação com o ZAID IBN THABIT.
.
- E COMO SE PROCESSOU a canonização das sete leituras?
Ao estilo político e nada teológico do Islamismo. A bem da verdade, MUJAHID era uma autoridade em Alcorão, mas, não a única. E teve apoio político para fazer o que fez. Mas, da mesma forma que os recitadores-compiladores, no passado de UTHMAN, foram obrigados entregar o seus manuscritos para o fogo, alguns eruditos do Islam, na época de MUJAHID, tiveram que renunciar as suas opiniões-convicções. Dois desses casos se me parece emblemáticos da necessidade de um maior aprofundamento na questão:
IBN MICQSAM: segundo John Gilchrist no seu Jam Qur'an, "foi publicamente forçado a renunciar à opinião amplamente aceita de que qualquer leitura do esboço básico consonantal que estivesse de acordo com a gramática árabe e fizesse bom senso era aceitável".
IBN SHANNABUDH, "foi forçado a retratar de forma semelhante de que era permitido usar as leituras de Ibn Masud e Ubayy Ibn Ka'ab."
Se na opinião do primeiro vemos a tendência natural à PROLIFERAÇÃO de leituras diferentes, na convicção do segundo um contraditório ELO DE LIGAÇÃO COM O PASSADO: o qual seria as leituras de Masud e Kaab. Mas, como, se nem os manuscritos dos mesmos teriam sido preservados?
.
vii - FINALMENTE, a respeito das sete leituras canonizadas, conclui Gilchrist:
"O período de ikhtiyar fechou-se com Ibn Mujahid. Ele fez com a leitura vocalizada do Alcorão o que Uthman fez com o texto consonantal."
Tais leituras, evidentemente, "não podem ser aceitas como um reflexo do sab'at-i-ahruf mencionado por Muhammad".
Em verdade, como vimos em dois capítulos deste Apontamentos, o oitavo e o nono, de acordo as fontes seculares, nem mesmo o Alcorão que hoje se lê seria em sua íntegra o que teria sido deixado por Maomé.
.
III - ALCORÃO: PRODUTO DE CIRCUNSTÂNCIAS OU UM LEGADO DIVINO?
.
A declaração atribuída a Maomé sobre as sete leituras é vaga. E nem foi conceitualmente definida quando deveria, ou seja: quando o profeta do Islamismo estava vivo. Aliás, o essencial, o qual é a COMPILAÇÃO do livro, também não foi feito. E, consequentemente, o que era apenas INDÍCIOS, foi se transformando em EVIDÊNCIAS de não ser possível atribuir ao tempo de Maomé a totalidade do texto coranico. As FONTES EXTRA-ISLAMISMO comprovam isso; assim como até o tipo de escrita utilizado nos manuscritos tidos por da Era de Uthman.
Trezentos anos depois da padronização imposta do texto, a compilação de Zaid Ibn Thabit, MUJAHID tentou conceituar e definir a afirmação vaga e muito imprecisa de Maomé. E bem ao estilo Uthman-Hudhaifa. Então, se quis voltar ao passado, sem, porém, ser possível identificar em tais leituras a que seria de Maomé e nem as dos principais recitadores por ele mencionado.
E por que digo isso?
Primeiro porque o Alcorão de ZAID IBN THABIT não seria o da leitura do profeta do Islamismo, dissera ABDULLAH IBN MASUD. E segundo, porque não haveria como (E por que, oficialmente falando.) preservar a leitura dos principais recitadores mencionados por Maomé. Faria algum sentido preservar-lhes as leituras, em se tendo mandado para o fogo os seus livros???
Como vamos comprovando através destes Apontamentos, o TEXTO CORANICO , assim como as LEITURAS do mesmo que teriam sido preservadas, são TOTALMENTE QUESTIONÁVEIS sendo objeto, ainda que pontualmente, de uma CRÍTICA EXTERNA.
E a coisa fica ainda pior, quando a esta, acrescentamos a CRÍTICA INTERNA, ou seja do seu conteúdo, conforme ainda iremos fazer.
.
APENDICE
(Para que se possa entender o que seriam as tais sete leituras, embora se impraticável aplicar o conceito, como vimos, à história (Ou estória?) da compilação:
.
"Certas leituras variantes existiram e, realmente, persistiram e se aumentaram ao passo que o Companheiros que haviam memorizado o texto, e porque o manuscrito Árabe rudimentar (básico), carente de sinais de vogais e também de diacriticos para distinguir entre certas consoantes era inadequado (...) no quarto século islâmico, foi decidido um retorno às "leituras" (qira'af) transcritas por sete "recitadores" (qurra^) de grande autoridade; consequentemente, além do mais, para assegurar a precisão da transmissão, dois "transmissores" (rawi, pl. ruwah) estiveram de acordo com cada um. Isto resultou em sete textos basicos (al-qira'at as-sab', "as sete leituras"), cada uma tendo duas versões transmitidas (riwayatan) com algumas variações minoritárias na estrutura frasal, mas todas contendo meticulosamente os sinais vocalicos e as marcas diacriticas (...)."
(Cyrril Glase, Enciclopédia of Islam, San Francisco: Harper & Row, 1989, pág. 324)
Notas:
1 - É perceptível, no texto enciclopédico, a tentativa, digamos empolada, de explicar o inexplicável.
2 - Como voltar às leituras originais do Alcorão, se os manuscritos dos principais recitadores apontados por Maomé foram para o fogo?
3 - Na mesma obra, são citadas as que seriam as principais autoridades em tais leituras. Nenhuma delas apontadas pelo profeta. E pior: todas a partir evidentemente do Alcorão de Zaid Ibn Thabit, ao qual o principal recitador (E também compilador, Ibn Masud.) não reconheceu ser da leitura ou recitação de Maomé.
Nafi' (Medina)
Ibn Khatir (Meca)
Abui Amr al-Ala (Damasco)
Ibn Amir (Basra)
Hamzah (Kufa)
Al-Qisai (Kufa)
Abu Bakr Asim (Kufa)
(FIM)
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II - SIMPLICANDO AO MÁXIMO:
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1 - O argumento RECITAÇÃO, por não ser convincente, tende a ser eliminado desta questão.
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2 - Já o argumento LEITURAS DIFERENTES é o totalmente aceitável, quando se utiliza para tal um texto escrito num IDIOMA CONSONANTAL e sem nenhum sinal, à época, de vocalização. Assim foram escritos os Alcoroes tidos pelos mais antigos, embora não se possa comprovar que pertençam ao tempo de UTHMAN e de Zaid pelo seguinte:
- Alguns de seus exemplares ou fragmentos mais antigos trazem a característica. Todavia, segundo John Gilchrist, estudioso da matéria, outros que foram escritos bem depois também a conservam.
- Por outro lado, SINAIS DE VOCALIZAÇÃO e os PONTOS DIACRITICOS que distinguem algumas consoantes foram, posteriormente, inseridos em textos antigos.
- Ainda segundo Gilchrist, a maioria dos manuscritos mais antigos não mencionam data e local de sua origem. E a inserção de um COLOFAO, no final da obra, somente seria adotada em séculos posteriores.
Daí que a melhor pista para se chegar à DATA REAL de um manuscrito é a Paleografia. O TIPO DE ESCRITA, seu surgimento e desenvolvimento em determinado tempo e lugar, dão maior exatidão.
Como observa o autor, "não se pode presumir automaticamente que um texto é de grande antiguidade porque está confinado às consoantes básicas, sem quaisquer sinais diacriticos ou de vogais."
3 - Entre a Tradição atribuída a MUHAMMAD (Maomé) e as Tradições atribuídas a HUDHAIFA X MASUD, a ALI e, posteriormente, conforme ainda veremos, a IBN MUJAHID, abre-se um VAZIO CONCEITUAL, que precisa ser preenchido.
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i - Um estudioso do porte de John Gilchrist, no seu Jam Qur'an, é taxativo:
"Não há nada nas primeiras obras da Sirat e Hadith dando qualquer indicação sobre o que essas leituras realmente eram exceto por uma declaração atribuída a Maomé de que elas eram todas partes do Alcorão como revelado por Allah."
.
ii - DE NOVO: Qual seria o contexto para a declaração de Maomé, de que o Alcorão teria sido revelado de sete maneiras (Recitação, leituras ou textos?) diferentes e, por isso mesmo, cada islâmico deveria escolher para si a melhor?
Ibn Umar estaria perto de esganar um muçulmano que recitava o Alcorão (E aqui cabendo todos os indicativos de DITOS e não MODO DE DIZER.) diferente do que ele, UMAR, recitava ou estava acostumado a ouvir.
Aquele homem estava lendo algum manuscrito?
Falava de memória o que teria ouvido e o que ouvira, embora se tratasse dos mesmos versos, soava tão diferente para UMAR??
Ou teria, por limitação de compreensão, etc., entendido de outro modo o que lhe teriam repassado???
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iii - Sobre o Alcorão que teria ficado, A COMPILAÇÃO DE ZAID IBN THABIT, há o testemunho de ninguém menos que Abdullah Ibn Masud, o principal recitador mencionado por Maomé, de que NÃO ERA O DA LEITURA DO PROFETA. É, obviamente, não podia ser o da mesma recitação.
Este é o grande desdouro, aliás, mais um, que o Islamismo não tem como retirar de si.
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iv - John Gilchrist, no seu JAM QUR'AN, no informa os extremos a que esta questão, no seu vazio conceitual, foi levada. Do mesmo modo que, após a morte de Maomé, teria havido a PROLIFERAÇÃO de manuscritos fragmentados ou por inteiro do que teria sido as sobras do Alcorão, trezentos anos após a morte do profeta do Islamismo, é que se definiu quais seriam essas (supostas) sete leituras autorizadas do texto consonantal do livro tido por sagrado pelo Islamismo. E isso porque apesar do livro ter sido reduzido a um único texto, e justamente para impedir leituras diferenciadas, estas teriam, a despeito de tudo, proliferado. Tudo isso serve apenas pra evidenciar quão sacrílego foi o ato insensato de Hudhaifa quanto inútil.
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v - "Em 322 AH, uma autoridade bem conhecida do Alcorão em Bagda, IBN MUJAHID, resolveu resolver essa questão.
(...)
Ele escreveu um livro intitulado Al-Qira'at as-Sab'ah (" As Sete Leituras") baseado no hadith que afirmava que havia sete autorizações divinas do Alcorão e ele estabeleceu sete das leituras atuais como cânones (...) e declarou que as outras eram shadhdh ("isoladas", isto é, não canônicas)."
Leia "atuais" como sendo leituras vigentes no tempo de MUJAHID. Sim, eram bem mais do que sete, quando deveria ser apenas uma, fosse o sucesso da IMPOSIÇÃO E QUEIMA DOS ALCORÕES.
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vi - IMPLICAÇÕES:
.
- O FEITO DE MUJAHID seria possível, quando da imposição do Alcorão de ZAID IBN THABIT?
Jamais. A imposição de um único texto foi política e não teologicamente sancionada para suprimir o que Maomé havia dito fazer parte da (suposta) revelação do Alcorão: recitação ou leituras (Em número de sete.) diferentes.
.
- HÁ COMO relacionar as sete leituras escolhidas por MUJAHID, assim como as outras existentes no seu tempo (Século IV do Islamismo.), com as leituras do tempo de MAOMÉ e, depois, de UTHMAN?
Sensatamente, não. A menos que o real motivo da QUEIMA DOS ALCORÕES, no após morte do profeta do Islamismo, não fosse mesmo apenas leituras e/ou recitação, mas... manuscritos com VARIANTES e VARIAÇÕES TEXTUAIS gritantes. Gilchrist nos informa que o KITAB AL-MASAHIF de Ibn Abi Dawud "preenchem nada menos que dezenove páginas e, de todas as fontes disponíveis, pode-se encontrar nada menos que 101 variantes apenas na Suratul-Baqarat." E tudo isso somente em relação ao Alcorão de IBN MASUD em comparação com o ZAID IBN THABIT.
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- E COMO SE PROCESSOU a canonização das sete leituras?
Ao estilo político e nada teológico do Islamismo. A bem da verdade, MUJAHID era uma autoridade em Alcorão, mas, não a única. E teve apoio político para fazer o que fez. Mas, da mesma forma que os recitadores-compiladores, no passado de UTHMAN, foram obrigados entregar o seus manuscritos para o fogo, alguns eruditos do Islam, na época de MUJAHID, tiveram que renunciar as suas opiniões-convicções. Dois desses casos se me parece emblemáticos da necessidade de um maior aprofundamento na questão:
IBN MICQSAM: segundo John Gilchrist no seu Jam Qur'an, "foi publicamente forçado a renunciar à opinião amplamente aceita de que qualquer leitura do esboço básico consonantal que estivesse de acordo com a gramática árabe e fizesse bom senso era aceitável".
IBN SHANNABUDH, "foi forçado a retratar de forma semelhante de que era permitido usar as leituras de Ibn Masud e Ubayy Ibn Ka'ab."
Se na opinião do primeiro vemos a tendência natural à PROLIFERAÇÃO de leituras diferentes, na convicção do segundo um contraditório ELO DE LIGAÇÃO COM O PASSADO: o qual seria as leituras de Masud e Kaab. Mas, como, se nem os manuscritos dos mesmos teriam sido preservados?
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vii - FINALMENTE, a respeito das sete leituras canonizadas, conclui Gilchrist:
"O período de ikhtiyar fechou-se com Ibn Mujahid. Ele fez com a leitura vocalizada do Alcorão o que Uthman fez com o texto consonantal."
Tais leituras, evidentemente, "não podem ser aceitas como um reflexo do sab'at-i-ahruf mencionado por Muhammad".
Em verdade, como vimos em dois capítulos deste Apontamentos, o oitavo e o nono, de acordo as fontes seculares, nem mesmo o Alcorão que hoje se lê seria em sua íntegra o que teria sido deixado por Maomé.
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III - ALCORÃO: PRODUTO DE CIRCUNSTÂNCIAS OU UM LEGADO DIVINO?
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A declaração atribuída a Maomé sobre as sete leituras é vaga. E nem foi conceitualmente definida quando deveria, ou seja: quando o profeta do Islamismo estava vivo. Aliás, o essencial, o qual é a COMPILAÇÃO do livro, também não foi feito. E, consequentemente, o que era apenas INDÍCIOS, foi se transformando em EVIDÊNCIAS de não ser possível atribuir ao tempo de Maomé a totalidade do texto coranico. As FONTES EXTRA-ISLAMISMO comprovam isso; assim como até o tipo de escrita utilizado nos manuscritos tidos por da Era de Uthman.
Trezentos anos depois da padronização imposta do texto, a compilação de Zaid Ibn Thabit, MUJAHID tentou conceituar e definir a afirmação vaga e muito imprecisa de Maomé. E bem ao estilo Uthman-Hudhaifa. Então, se quis voltar ao passado, sem, porém, ser possível identificar em tais leituras a que seria de Maomé e nem as dos principais recitadores por ele mencionado.
E por que digo isso?
Primeiro porque o Alcorão de ZAID IBN THABIT não seria o da leitura do profeta do Islamismo, dissera ABDULLAH IBN MASUD. E segundo, porque não haveria como (E por que, oficialmente falando.) preservar a leitura dos principais recitadores mencionados por Maomé. Faria algum sentido preservar-lhes as leituras, em se tendo mandado para o fogo os seus livros???
Como vamos comprovando através destes Apontamentos, o TEXTO CORANICO , assim como as LEITURAS do mesmo que teriam sido preservadas, são TOTALMENTE QUESTIONÁVEIS sendo objeto, ainda que pontualmente, de uma CRÍTICA EXTERNA.
E a coisa fica ainda pior, quando a esta, acrescentamos a CRÍTICA INTERNA, ou seja do seu conteúdo, conforme ainda iremos fazer.
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APENDICE
(Para que se possa entender o que seriam as tais sete leituras, embora se impraticável aplicar o conceito, como vimos, à história (Ou estória?) da compilação:
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"Certas leituras variantes existiram e, realmente, persistiram e se aumentaram ao passo que o Companheiros que haviam memorizado o texto, e porque o manuscrito Árabe rudimentar (básico), carente de sinais de vogais e também de diacriticos para distinguir entre certas consoantes era inadequado (...) no quarto século islâmico, foi decidido um retorno às "leituras" (qira'af) transcritas por sete "recitadores" (qurra^) de grande autoridade; consequentemente, além do mais, para assegurar a precisão da transmissão, dois "transmissores" (rawi, pl. ruwah) estiveram de acordo com cada um. Isto resultou em sete textos basicos (al-qira'at as-sab', "as sete leituras"), cada uma tendo duas versões transmitidas (riwayatan) com algumas variações minoritárias na estrutura frasal, mas todas contendo meticulosamente os sinais vocalicos e as marcas diacriticas (...)."
(Cyrril Glase, Enciclopédia of Islam, San Francisco: Harper & Row, 1989, pág. 324)
Notas:
1 - É perceptível, no texto enciclopédico, a tentativa, digamos empolada, de explicar o inexplicável.
2 - Como voltar às leituras originais do Alcorão, se os manuscritos dos principais recitadores apontados por Maomé foram para o fogo?
3 - Na mesma obra, são citadas as que seriam as principais autoridades em tais leituras. Nenhuma delas apontadas pelo profeta. E pior: todas a partir evidentemente do Alcorão de Zaid Ibn Thabit, ao qual o principal recitador (E também compilador, Ibn Masud.) não reconheceu ser da leitura ou recitação de Maomé.
Nafi' (Medina)
Ibn Khatir (Meca)
Abui Amr al-Ala (Damasco)
Ibn Amir (Basra)
Hamzah (Kufa)
Al-Qisai (Kufa)
Abu Bakr Asim (Kufa)
https://missaoimpactar.blogspot.com/2021/08/alerta-aos-desavisados.html?m=1
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IMPORTANTE:
Caso o leitor queira nos abençoar, leia
ESTE MINISTÉRIO APOLOGÉTICO & SUA COOPERAÇÃO, publicado em AGOSTO de 2019:
https://missaoimpactar.blogspot.com/2019/08/este-ministerio-apologetico-sua.html?m=1 OUTRA OPÇÃO DE AJUDA:
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"Pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo."
(2 CORINTIOS 6: 10)
(2 CORINTIOS 6: 10)
(FIM)
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