segunda-feira, 8 de julho de 2013

UM CIDADÃO DOS CÉUS & A POLÍTICA (A Propósito das Manifestações Ocorrendo País Afora).

                                            


                                      M. Madsaiin Dias

I - DA OPINIÃO E POSICIONAMENTO QUE NÃO INTERESSAM.

Sou um homem de tripla jornada. E, estando empenhado em edificar uma milionesínfima parcela do corpo de Cristo, através da publicação semanal nas redes dos capítulos de Cristandade, Moda Feminina & O Xis da Questão, vi minha página no Facebook invadida por convocatórias e alguém cobrando deste, digamos candidato fortíssimo a ancião, posicionamentos a respeito das manifestações que estão ocorrendo país afora.
Evidente que não pude e nem se me propus a participar de nenhuma. E, tendo em vista preservar o assunto em pauta na minha página para a atual temporada, vi-me obrigado a eliminar quase todas as referidas mensagens. Porém, mais em função da trégua que aparentemente me foi dada, prometer aos meus facebookeanos amigos repassar o que entendo deveria ser a postura do cristão nesse tipo de situação.
Os acontecimentos estão na mídia e nem é preciso discorrer sobre os mesmos. Já quanto à nossa participação em atos e fatos políticos (partidários ou não; ordinários ou históricos), não creio que minha opinião pessoal possa vir a interessar; pois na condição de cidadão dos céus, ela não interessa nem a mim mesmo. Todavia, visto está sendo cobrado, para não me furtar à responsabilidade da qual não me incumbo, ouso dizer o que se segue e, mais adiante, quem sabe mais algumas coisinhas.
Em primeiro lugar, vejo com simpatia e muita esperança o movimento reivindicatório, fora, evidentemente os atos de vandalismo, praticados por uma minoria despreparada para a democracia. Agradam-me no movimento a juventude, o nível de escolaridade e o perfil não político-partidário da maioria dos envolvidos. Além, é óbvio, da nobreza das reivindicações. Tudo tão ao contrário de bandeiras corporativistas típicas de centrais sindicais e parcela (Às vezes, em relação aos reles mortais, muito privilegiadas.) do funcionalismo público. E oro para que, com o perdão da expressão, uma nova elite (Ou: massa politizada, como me corrigiu o Júnior, meu filho.) possa do movimento surgir e que em uma ou duas eleições, no máximo, a cara do Congresso Nacional seja completamente mudada. E oro ainda mais para que o ciclo oposição (No geral, com a bandeira da moralidade, etc..) chegada ao poder (Através do voto e outros expedientes.) e corrupção (Em função de um jogo político viciado e dos conchavos.) jamais se repita.
Eis o que eu diria a um não-converso, numa conversa, não de boteco (Como alguém me cobrou.), mas quem sabe num café. Ou mesmo num simples quebra-gelo de reunião celular. Em síntese, é isso aí. E se apenas minha opinião pessoal ao leitor basta, pare a leitura, por favor, por aqui. Agora, caso deseje encontrar, como eu procuro, alguma palavra de sabedoria na Palavra que realmente importa, tendo a Bíblia por fundamento, apesar de minhas muitas limitações, é plausível fazermos algumas, creio eu, “inusitadas” considerações. Sim, inusitadas, tendo-se em vista o tempo em que vivemos.

II - DA OPINIÃO E POSICIONAMENTO QUE TALVEZ POSSAM VIR A INTERESSAR.

A COISA APENAS AO NÍVEL DAS PALAVRAS: Aconteceu de eu também, na semana passada, dialogar com um irmão tanto quanto exaltado sobre as implicações de um cristão participar ou não dos movimentos populares. E, extrapolando ao noticiário, engajar-se num projeto de transformação do país, através do aperfeiçoamento de suas instituições, principalmente ao nível da ação política e utilização dos diversos instrumentos humanos. Se dependesse do irmão, em qualquer das manifestações em que estivesse, não faltaria palavras fortes contra pessoas e instituições. Este é, por exemplo, o estilo das suas postagens na internet.
Daí, eu lhe perguntei: caso ocorra uma injusta repreensão, e algum policial (pessoa investida de autoridade) vir a te espancar, o que você faria? Ao que, instintivamente, ele respondeu revidaria, porque estaria ele apenas usando de seu direito constitucional de cidadão num estado democrático de direito e demais coisas do gênero. Tive, então, que confrontá-lo, dizendo-lhe que ele teria é que de imediato perdoar ao seu agressor (ou pessoa investida de autoridade) e, caso o tomasse por inimigo pessoal ou dos ideais da pátria, orar pelo mesmo (Mateus 5: 43-45). E, em seguida, até pelo aperfeiçoamento das instituições, cobrar dos superiores daquele policial providencias com relação ao comportamento do mesmo.
Em verdade, o que instei por fazer o meu irmão entender é que, antes de qualquer outra condição, somos cidadão dos céus e peregrino nessa Terra. E precisamos ter a dimensão do que seja sermos regidos por uma “carta magna”, apenas resumida no Sermão do Monte. E isso no trato com qualquer pessoa (principalmente as investidas de autoridade). Com o risco de reformar-mos e de até de revolucionar-mos um mundo que, em primeira e última instância ainda jaz no Maligno (I João 5:19), mas perdermos a nossa cidadania maior (Filipenses 4: 20-21).
Oramos por justiça, clamamos por justiça e devemos lutar de todas as formas (Inclusive as da política, claro.) por justiça e o aperfeiçoamento de governos e instituições; MAS apenas somente com atos de justiça. E isso em relação a qualquer pessoa: mais por vil ou vilã, em nível nacional ou em escala mundial, que ela seja. Até porque nossa luta não é contra carne e sangue (Efésios 6: 12). E é a vontade de Deus que todos, inclusive o mais abjeto dos seres humanos (Pense num... ou em um... arrependido!), seja salvo e chegue ao pleno conhecimento da verdade: Jesus (II Pedro 3: 9). E a alma dele vale mais que o mundo inteiro.

A Bíblia diz que eu devo ser submisso (O que implica, em obediência e respeito) às autoridades. Elas constituem os governos das nações. E por governo se entende, em primeira e última análise, pessoas. E pessoas investidas de autoridade. E autoridades constituídas por Deus. Pouco importando como chegaram e o que fizeram para ali estar e no poder se perpetuar.
Tomemos como exemplo alguns casos exponenciais: o César romano, Hitler, Id Amin e o rei Saul. Considere quem foram e o que fizeram no poder e para no mesmo se perpetuar. A soberania de Deus o permitiu (Romanos 13: 1-7). E se alteraria as recomendações ao cidadão dos céus por serem Nero, Hitler e Id Amin, o rei Saul ou o mais bajulador de seus comandados? Não. Por outro lado, deveriam eles e seu subalternos ser obedecidos em tudo o que propusessem ou impusessem? Tal como foi feito a Nabucodonosor (Daniel 3) e a tantos outros, também NÃO.

Ao cristão compete obedecer ou não obedecer às autoridades constituídas. Jamais desobedecer-lhes. Obedecemos-lhe no que se deve (Tributos, etc.) e não obedecemos ao que não se deve (Questões quanto à fé à moral cristã, principalmente.). Mas nem o próprio ato da não submissão pode ser desrespeitoso. E o respeito, havendo-o no coração, reflete nas palavras. Até porque, na qualidade e na função privilegiadíssimas de sacerdotes do reino (Hebreus 5: 1-2), com que pureza de lábios poderíamos dar ações de graças (Quem sabe por algum acerto, forçado politicamente ou não.) e interceder pelas pessoas investidas de autoridade sobre nós (I Timóteo 2: 14 e Tito 3: 1-3)? E com que fervor?...

Estou colocando as coisas apenas ao nível das palavras (convocatórias, de ordem, análise política parcial ou não, discursos com réplica e tréplica, opiniões a favor e contra, bate-boca, choque de opiniões.). Mas o que são as palavras no reino (e para o cidadão) dos céus? Orações, profecias, bênçãos e maldições. Nossas orações estão sujeitas à resposta divina; as profecias, ao cumprimento. Enquanto que as maldições, a perpetuação de males na vida das pessoas e até de coletividades por inteiro. A menos que os nossos atos de justiça (A começar pelos do coração e da boca.) venham quebrar a sua legalidade no mundo espiritual, que é onde as coisas primeiramente acontecem. Para, finalmente, tornarem-se realidade aqui, neste mundo que, até a volta do Senhor, jazerá no maligno e seguindo o seu curso apocalíptico (Efésios 2: 1-3).

Pense nas palavras de Davi, quando soube da morte do rei Saul (II Samuel 1: 17-27). E de como se recusou tocar num ex-ungido do Senhor, principalmente com a língua. Categoria essa em se pode incluir também a Satanás (em relação somente ao anjos Judas 8-9.) e não apenas Hitler, Id Amin, entre outros mais ou menos cotados. Daí que, se você conseguir entrar e sair das manifestações; e de toda a mobilização em torno das mesmas (Considere, por exemplo, o nível das coisas que andam sendo postadas na internet.); ou dos fatos históricos mais permanentes que elas possam vir a gerar; sempre como um cidadão do céus... Posso crer que a sua participação, tendo-se em vista a nobreza das reivindicações no geral, é bênção pro pais, e estratégica, para o reino. Se não, temo (Este “temo” é por minha conta, não da Palavra.) que já estás a se transformar num agente do império. Este também fundamenta suas ações nas palavras: acusações, maledicências e inverdades.
Uma coisa seria eu clamar por moralidade nos gastos públicos; mas outra, chamar quem quer seja de ladrão. Nesse último caso, eu estaria apenas profetizando sobre a vida da pessoa exatamente o que o diabo quer que continue a ser profetizado. E tendo a boca do cristão por canal, com um peso ainda maior de legalidade no mundo espiritual. Quando eu digo governo (e não governantes) corrupto, estou me referindo a toda uma maquina administrativa composta de milhões de pessoas, colocando todas na mesma condição. Devo, consequentemente, está sendo injusto para com milhares. Logo, todo o cuidado é pouco com a língua, numa situação tão propícia a embates e choque de palavras, às quais, na dimensão do reino, são apenas orações, profecias, bênçãos e maldições (Tiago 3: 6-8 e 9). E veja que continuamos apenas no terreno das palavras.

E POR FALAR EM PALAVRAS... Quem sabe não valha a pena um passeio pela Bíblia e fazermos algumas considerações “inusitadas”. No tempo em que os escritos apostólicos foram produzidos, César era exigia adoração e perseguia ferozmente os cristãos. No geral, eles se reuniam clandestinos nas casas dos irmãos e nas catacumbas dos cemitérios. A escravidão (mormente a do homem eslavo) estava instituída; e quem não fosse cidadão romano era considerado pessoa de quinta categoria. Algumas recomendações do Senhor foram feitas tendo isso por contexto (Mateus 5: 41).
Não me lembro, porém, de qualquer referência desabonadora a qualquer governante, tirante as palavras de Jesus, referindo-se a Herodes: “Ide, dizei a essa raposa...” Coisa do tipo “o execrável César e seu governo opressor das minorias religiosas” ou o “sanguinário Herodes” (Fosse o da matança dos inocentes ou o que decapitou o apóstolo Tiago). Os escritores do Novo Testamento tinham em mente não poder atingir a moral de reles mortais daqueles pobres homens, sem atingir a Deus que os criara e, indo além os instituíra. Tanto que pelos quais instrui-nos o Santo Espírito até agradecer. E, depois, interceder. E, ainda mais: honrar (I Pedro 2: 13-17).
João Batista não foi decapitado por contestar o governo sanguinário que Herodes fazia, mas a moral do governante (Mateus 14: 1-12). E se o fez, o Espírito não interessou em deixar registrado. E olha que os escritos apostólicos tinham um caráter de fortíssima clandestinidade; nada a ver, portanto, com a irresponsabilidade labial da pós-moderna internet. A lição aqui é que a moral é mais importante que a política. E que não podemos entrar nesta e dela sairmos desmoralizados, como infelizmente tem acontecido com alguns dos nossos representantes no Congresso. E creio que até independentemente do falto de muitos conservarem a boa consciência. A questão é que o jogo político é um teatro; onde vale mais as encenações do que os atos.
E quem há de saber no que vai dar exatamente um movimento popular? A revolução dos pobres e religiosos mujiques russos deu num estado totalitário e ateu, fundamentado num tal materialismo dialético. Alguém ainda se lembra disso? E não é que já tem gente invocando até a volta dos militares ao poder, aqui no Brasil? Só Jesus pra ter misericórdia!... Nero (o diabo) costuma pôr fogo em Roma e culpar os cristãos. Principalmente aqueles que acreditam, não sei com que fundamento (II Tessalonicenes 2: 1-12 3 Mateus 24: 1-14), que será a igreja, e não o Senhor, na Sua viinda, que há de trazer o reino de perfeita justiça à Terra (Atos 1:6-11).


(ABRO ESTE PARÊNTESE E UM POUQUINHO A MINHA BOCA GRANDE, diria Joyce Meyer, para vos dar um exemplo prático: sou negro e sei o que meus antepassados e eu sofremos e ainda andamos a sofrer, em todos os governos da história do reino do Brasil, Portugal e Algarves em sua moderna e pós-moderna continuidade. A Palavra, porém, me ensina pelas autoridades constituídas agradecer. E, no caso do governo atual, eu nem poderia mesmo deixar de fazê-lo. Sabe por quê? Após quinhentos anos de mandos e desmandos, formou-se em terras tupiniquins um governo em que alguns de seus membros mais influentes adotariam o estilo, digamos Robin Hood (mas que, primeiro, se locupleta). Antes, porém, nem isso!
A juventude que hoje sai às ruas e faz da internet, do campus universitário ou de seu próprio negócio uma plataforma ou balcão de idéias e ideais da pátria, não sabe o que é desemprego. Mas quem um dia (E ainda mais, sem Jesus!) teve se alistar no exército do tráfico ou se enxergar um nada (e se sentir valendo menos ainda) diante família sofrendo necessidades, saberá que o primeiro ato em relação aos nossos atuais governantes seria mesmo agradecer, pelo estilo, digamos Robin Hood, mas que primeiro se locupleta. E, então, depois de agradecer, interceder e agir (mas sempre como um cidadão dos céus) na luta por uma distribuição honesta das riquezas da nação entre todos os seus cidadãos. Alguns, entre os quais eu me incluo, estão em sua categoria quinta. E por que não mais alguma outra compensação para os descendentes de quem, nos primeiros quatro séculos de nossa história, carregou o país nas costas?
Vejam só: se eu, como pregador, não guardar a minha língua e se formos entrar apenas no terreno perigosos das duras e irônicas palavras, não vai faltar revanchismo. Como o que agora temos visto por parte das minorias da sexualidade. Assim como o risco do recrudescimento da velha luta de classes; mais a disputa entre segmentos sociais; mais o reacender do ódio “racial”; da guerra dos sexos; de pais contra filhos e irmão contra irmão; e, por fim, até alguma revolução com o seu indefectível paredão. E, jamais, o necessário perdão, capaz de nos fazer agradecer, interceder e até honrar, não o desqualificado governante, mas a pessoa humana por detrás do mesmo. Ah, investida de autoridade. Fechemos, portanto, os parênteses e a boca, para somente abri-la em rigorosa obediência à Palavra. Assim é melhor.)

A COISA EM TERMOS DE UMA AÇÃO POLÍTICA CONTINUADA E DO NECESSÁRIO BOM EXEMPLO. Como já disse, oro para que dentre os participantes das manifestações (e são muitos os cristão entre os mesmos) surja, conforme me corrigiu o Júnior, uma massa politizada. E que alguns de nossos irmãos jovens e idealistas venham fazer carreira na política e a exercer funções públicas. Parcela da cristandade brasileira, dentre a qual eu me incluo, acredita que um cristão autêntico pode ainda ser elevado à condição de principal mandatário da nação. Desde que a condição principal seja cumprida (II Crônicas 7: 14). E de que valeria se o mesmo não entrar e sair do poder (Quer dizer, da autoridade nele investida.) como um cidadão dos céus? Oro, então, para que a presença nas manifestações seja o início do seu aprendizado. Pois, afinal, quem é fiel (Quer dizer, cidadão dos céus) no pouco...
Mas, por outro lado, pergunto-me: que forças políticas ao governo o levariam, se nem sempre entre a cristandade se verifica a unidade, apesar dos números impressionantes das marchas para Jesus. Nem sempre se verifica a unidade; e, quando não, impera uma briga de foice por questões (sequer doutrinárias) elementares. Entramos na internet e temos a impressão de estarmos num octógono, no qual vale tudo: exploração indevida da imagem, danos morais, acusações pessoais e desrespeito às denominações (com os seus milhares de milhares) e demais coisas do gênero maledicência. Coisa de quem, caso chegasse a qualquer nível de poder, não se furtaria em querer fazer o outro aceitar tudo (inclusive as suas convicções) goela abaixo. Sem se dar conta que vivemos num estado democrático de direito, e não em uma “república” do fundamentalismo religioso. A-le-lui-a!!!
Razão pela qual, acho muito mais estratégico de minha parte edificar uma milionesínfima que seja parcela do corpo de Cristo, do que derrubar governos e aperfeiçoar instituições; sem que, enquanto comunidade e organizações cristãs, tornemo-nos um melhor exemplo. Nosso país precisa na política de pessoas que ao menos vislumbrem a estatura espiritual e a piedade pessoal de um Daniel. E como tudo no reino de Deus principia com a oração, para terminar em ação de graças, precisamos clamar muito por nós mesmos (II Crônicas 7:14). E não seria o caso de já estarmos começando pelo meio (E que duvidosos meios...) ou pelo fim? Mas nada (como se deveria) pelo princípio? Aliás, um bom princípio, o respeito. Se não é o que se vê em boa parcela de nossa cristandade adoecida, quem sabe não seria o testemunho que o Senhor possa dar de alguma comunidade cristã saudável. Se tiver de vir, tem que ser daí.

Belo Horizonte, Junho de 2013.

(Publicado originalmente na minha página do Facebook, no final de Junho de 2013.)

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