I – UM BREVE
RECONHECIMENTO DO TERRENO ONDE A MULHER CRISTÃ BRASILEIRA EDIFICARIA (OU NÃO) O
SEU LAR & A CASA DE DEUS.
1/ À mulher cristã
brasileira dedico em especial este capítulo. Elas, assim como esta parte da
obra, têm um papel singular no contexto Cristandade,
Moda Feminina & O Xis da Questão. Razão pela qual, opto por extrapolar ao tema
proposto, para envolver a espiritualidade em vários outros níveis. E, quem
sabe, ambos (este livro e o contingente
feminino ao qual em especialmente me dirijo) possam inspirar atitudes que levem
a igreja à postura que a faça prescindir de tantos retoques no seu adequar-se às
Escrituras Sagradas. A Palavra é o nosso espelho sem nenhum falso reflexo da verdadeira
imagem que o povo de Deus mostra (ou deveria mostrar) ao mundo. Creio que
Débora tinha isso no coração, quando julgava Israel; vindo, posteriormente,
tornar-se exemplar na condução do povo de Deus àquela etapa de vida vitoriosa. Mais
ao final, trataremos da pessoa e ministério desta mulher tão extraordinária,
num tempo em que a apostasia e a mediocridade estiveram quase sempre na ordem
do dia na história de Israel.
O destino da igreja brasileira está nas mãos ou: no
coração das mulheres. São elas três em cada quatro ou quatro em cada cinco cristãos
professos. Tornaram-se, pois, estratégicas, enquanto mestras do bem, na
ministração mais adequada, até porque nada substitui o exemplo, ao seu próprio
contingente nas igrejas. E, se me permitem um outro paralelo, mas agora com as
sete cartas do Apocalipse: muito se deverá à mulher cristã brasileira a mudança
do perfil de nossa igreja: para melhor ou para pior. Estamos entre o tão
esperado e necessário avivamento e o risco (que não pode ser desprezado) de uma
forte tendência laodicense (de igreja morna, nominal e apóstata no que diz
respeito ao evangelho da cruz de Cristo - Filipenses 3: 14-21) vingar-se em nosso
solo. Em boa parte do mundo ocidental isso já é uma triste realidade.
2/ Não é bom o diagnóstico e nem muito animadoras, fora
da dimensão espiritual, as projeções. Além disso, o fato de estarmos inseridos
numa sociedade do consumo e cultura do espetáculo, hoje em vias da sodomização de
usos e costumes, tende a determinar um quadro desalentador, quando o assunto é
a realização da mulher nas áreas mais sensíveis da sua experiência de vida. E
a menos que, bem mais do que se recristianize, seja verdadeiramente este país
evangelizado; e, em função disso, homens em grande número sejam atraídos a
Cristo Jesus, Senhor Jesus; muitas das hoje servem a Deus com a devida pureza e
neste propósito permaneçam terão que abdicar da sexualidade. E,
consequentemente, do casamento e da maternidade. Logo, será na vida
profissional e/ou no serviço cristão que teriam condições ideais de realização.
Tão ou mais desalentador (Digo-o digo apenas em nível de
conhecimento pessoal e particular observação.) é constatar que não são muitas
as mulheres casadas, hoje com o perfil mestras do bem (Tito 2: 3-6). E que a
cristandade brasileira é composta por um enorme contingente feminino. Quando
não prendado, estudado; porque muito batalhador mesmo. Mas, infelizmente,
nota-se que nossas jovens e até as mulheres descasadas estariam preparadas para
tudo: menos para o mais importante, porque inegociável, a submissão aos seus futuros
maridos. E entenda por submissão em termos de vida conjugal o que diz a versão
Bíblia Viva em I Pedro
3:1.
Conheço algumas mulheres realmente virtuosas, idôneas ajudadoras
de seus esposos; assim como muitas Déboras, com o seu Lapidote, lhes dando
suporte e retaguarda para o exercício de um ministério extraordinário. Mas não
faltam as que, desconhecendo o Deus de aliança e o que seja amar ao Senhor
(João 14:21), acabaram por se transformar, depois de Satanás, no principal
inimigo da alma de seus esposos e no mais ferrenho adversário de seus
ministérios. Joyce Meyer, em seu livro
Beleza em vez de cinzas, dá-nos um pequeno, mas exponencial exemplo desse
último caso. De quando Deus a proibiu de interceder pela cura duma esposa de
pastor, longo tempo acamada. Se levantasse, seria o princípio das dores daquele
homem de Deus e/ou o início fim do seu ministério.
Costumo dizer que a mulher sábia edifica a sua casa... Antes,
durante e depois do casamento. Antes, na pureza do namoro; o qual se fará sem
jugo desigual e na direção de Deus e contando, sempre que possível, com a
bênção dos pais. Durante, com a devida adequação aos princípios da Palavra, sem
nenhum consentimento ou busca de justificativa para não fazê-lo: haja o que
houver. Até porque o que ela fizer (por iniciativa no Senhor) e/ou deixar de
fazer (por renúncia e amor) será, antes de tudo, para glorificar a Deus. E
depois, em caso de viuvez, com o seu exemplo e condição de mestra do bem (Tito
2: 3-5): ajudando na construção do lar dos filhos, ao contrário de ser aquele
tipo desprezível de sogra intrometida, controladora e desrespeitosa para com
genros, noras e netos. A tola, porém, fará o contrário. E quando, em fim,
forçar ou forjar o divórcio, geralmente por razão não bíblica ou por motivos
fúteis, tornará a convivência difícil entre as partes destroçadas daquilo que
deveria ser um lar.
3/ Ao até aqui exposto, no que diz respeito à mulher
verdadeiramente cristã, somam-se alguns ouros aspectos sociais, também desalentadores:
1 – Nascem as mulheres em maior número que os homens. 2 – Estes vivem menos e
morrem mais cedo, grande parcela dos mesmos na juventude. 3 – Existe no país um
grande contingente de homens não-funcionais ou disfuncionais. Destacam-se os
muitos vencidos pelas drogas ou completamente alistados no numeroso exército da
criminalidade e aqueles (E também já não são poucos.) que tomam a disfunção
cabeça-genitália por condição e/ou opção sexual. 4 - Sem Jesus no coração, o
brasileiro viril tem um grande leque de escolhas (e ofertas), caso queira viver
vida promíscua, casado ou não. E tudo, mormente a mídia e a despudorada moda
feminina, contribuindo para tal. 5 – Por outro lado, há mulheres cristãs com um
nível, digamos esdrúxulo de exigências. Princesas de Deus, mas com postura de
potestade. Daí, a tendência de se levar isso para os relacionamentos, mormente
o conjugal. E quando no esdrúxulo nível de exigência, entre outras e
principalmente, se quer impor ou negociar condições para o inegociável, está
decretada a morte da felicidade (pelo menos a do marido) em tal casamento; 6 – Há
ainda o mau exemplo de algumas mulheres casadas; as quais no espírito de
Jezabel, se mostram desrespeitosa para com os cônjuges; e até encontram enes
justificativas, além de apoio moral e “espiritual” para o seu pecado. 7 – Num
quadro como este, é possível que até mesmo a minha eventual leitora, pela opção
que fez por uma vida de santidade, esteja
na dependência de um avivamento, para ver as suas chances aumentadas de
realização nessas áreas tão sensíveis da experiência humana. E não há como
esquecer o risco, caso não se resguarde, de até vir a envolver-se nalgum tipo
de relação fora dos padrões da Palavra e, consequentemente, mortal pra sua alma
e da outra parte envolvida (Marcos 8: 34-38).
Como se vê, não é um quadro muito propício à
espiritualidade. A menos que se queira pagar o preço e que se apegue à palavra
fiel, segundo a doutrina (Tito 1: 9). Débora, Rute e algumas outras viveram num
tempo ainda pior, conforme iremos inferir ao longo deste capítulo. Ao contrário
dos dias de hoje, de justas e louváveis conquistas, a condição da mulher era completamente
vexatória. Mesmo assim, a primeira nos legou o testemunho de luta vitoriosa em
favor do avivamento na comunidade; e a segunda,
um exemplo de pureza pessoal em todos os níveis de relacionamentos.
Faz-se impossível de ser ler aquelas páginas tristes da
história de Israel, sem procurarmos na alento na estatura espiritual da líder e
adoradora Débora; na pureza de Rute; na fidelidade da tão sofrida Noemi; e na
vitoriosa vida de oração de Ana. Conhecer um pouco o cenário e as
circunstâncias em que foram usadas por Deus para mudar o destino de uma nação,
pode vir a ser, nesse nosso tempo, um necessário
aprendizado. Além de nos permitir alguns paralelos com o momento espiritual de
nossa nação. Estas mulheres integram àquela nuvem de testemunhas de que nos
fala Hebreus 12: 1-3, provando que maior é o que está em você do que o está no
mundo.
II – INTRODUÇÃO A UNIVERSOS PARALELOS QUE QUASE SE
TOCAM.
1/ A leitura do
Livro dos Juízes de imediato nos chama a atenção para os fatores determinantes
da vida espiritual oscilante e do nefasto ambiente cultural que a comunidade judaica
deixou-se envolver. Israel fica como que atolado no fundo de poço de um
lugar-incomum, tornado comum e sem saída. Isso se dá após entrada na terra da
promessa, tão logo finda a liderança (e a vida) de Josué (Juízes 2: 6-23).
Tinham eles a ordem de tomar posse de Canaã e não deixar,
no território ocupado, vestígios das práticas cananitas (Deuteronômio
20:17-8). Deus, através deles, estava
executando o juízo prometido desde os tempos de Sodoma e Gomorra a Abraão
(Gênesis 15: 12-16), além de protegê-los de si mesmos. Já antes de entrarem na
terra, o povo juntara-se às moabitas, num tipo de práticas semelhantes. Os
cananeus adoravam ídolos como deuses da agricultura, num sistema de rituais de
fertilidade, envolvendo a prostituição cultual. Logo, o sexo teve um papel
crucial na indução dos israelitas à idolatria. E dela decorre a escravidão às nações
que deveriam expulsar.
2/ Vemos, a despeito do exposto, que a raridade na
articulação da verdadeira palavra de Deus, mesmo que profética (2: 1-5 e I
Samuel 3:1), tanto está na raiz como faz parte das conseqüências do problema.
Naquele período, a falta do ensinamento da Lei é uma lacuna gritante. Convém
lembrar de que bem mais adiante, já nos tempos de Davi, a falta de sua
observância numa situação exponencial vitimou Uzá: foi quando o rei propôs
levar a Arca da Aliança para Jerusalém (II Samuel 6).
Ora, em qualquer ambiente onde a Palavra de Deus não é
conhecida e praticada, avolumam-se as opiniões pessoais sobre assuntos por ela
tratados, muitas vezes definitiva e pontualmente. Torna-se inevitável, portanto, o surgimento
dos achismos (até teológicos),
geradores de atos (religiosos)
tresloucados e o apego a quaisquer gamas do conhecimento humano (ou acadêmico)
para explicar realidades espirituais. Se bem pensarmos, é o que estamos vendo,
de certo modo, hoje avolumar-se.
A Lei, que deveria
regular e regulamentar a vida judaica em todas as suas instâncias, estava
disponível; mas era solenemente ignorada (17:1-6; 21:25). E um dos mais tristes
e trágicos exemplos disso encontra-se no Livro de Rute, cuja história, assim
como boa parte dos eventos de I Samuel, ocorre também durante o período. A
permissividade, com a sua conseqüente promiscuidade sexual, voltara à
normalidade anterior, de quando os cananeus dominavam o território. Agravada
ainda mais pelo fator violência, como nos tempos de Sodoma. É que o nos mostra
uma leitura mais atenta do Livro de Rute, embora, positivamente, não se pode
deixar de levar em conta a reação de onze das doze tribos no que diz respeito
ao ato sinistro que provocou a guerra civil, relatada em Juízes 19 e 20. Ali,
ainda que sem a forma escandalosa do ocorrido em Gibeá, um tipo de sociedade
fundamentada no sexismo e na violência vigora. A permissividade sempre servirá
de pano de fundo para toda a podridão reinante, sutil ou ostensiva.
A ordem de Boaz aos seus serviçais em relação à Rute,
leva-nos a inferir que o abuso de mulheres naquela cultura tornara-se (ou
voltara a ser) corriqueiro (2: 8-9). Ao mesmo tempo, as palavras dele dirigidas
à jovem; quando Rute, aconselhada por Noemi, se sujeita àquele estranho costume
da mulher, em circunstâncias tão embaraçosas, pedir a um homem que a tome por
esposa (3:9-11); deixa a entender que a moralidade das judias, no ambiente
hostil à vida em santidade em que viviam, era também questionável. Tanto que
Boaz, embora abastado para os padrões de sua época e homem já maduro,
mostra-se, até a entrada de Rute em sua vida, um solteirão convicto. Ele
preferiu uma mulher pura a uma provável (ou improvável) virgem israelita.
O texto bíblico mostra, assim como no caso da primeira
noite de Ester com o rei Assuero (Ester 2), a possibilidade real das mulheres
se sujeitarem ser primeiramente possuídas pelo candidato, para depois este
firmar (Ou não.) a aliança de casamento. Pode-se concluir que tal sujeição
vinha, sem dúvida, de uma pressão social enorme. Mas adviria também de uma
moral duvidosa, própria de quem se acomoda à degradação espiritual do seu
meio-ambiente (Rute 3: 10). Infelizmente, também vivemos num tempo em que, não
apenas pessoas isoladas, mas comunidades cristãs inteiras estão atolando-se
nesse lugar-incomum e ainda encontrando justificativas “bíblicas” para tal.
Boaz elogia Rute pelo fato dela, sendo bela e jovem, não
sair se oferecendo e a correr atrás de casamento por interesse ou de simples
acasalamentos com rapazes bem apessoados (Rute 3: 10 e I Samuel 2: 22). Coisas
do tipo ficar, que essa nossa pré-apocalíptica pós-modernidade
tornou, infelizmente, contumaz. As relações estão cada dia mais utilitaristas;
as pessoas tornaram-se (como tudo o mais) também descartáveis. Até mesmo
naquilo que diz respeito ao afeto; agora, porém, rebaixados todos, gente e
sentimentos, à categoria do desfrute.
3/ No fundo, no fundo, com o quê estamos lidando? Senão, em
primeira e última instância, com modas e modismos, formatando usos e costumes
passados de uma à outra geração? Ou
transferidos de uma para cultura? E ainda pior: sendo indiscriminadamente
absorvidos por quem deveria refutá-los e propor, exemplarmente, a verdadeira
(João 1: 4-9).
A perenidade de práticas sociais nefastas, assim como a
sua universalidade imposta pelo fator aldeia global, não implicará na aprovação
divina; antes, muito pelo contrário (Gênesis 15: 12-16 e Romanos 1). Estamos
vivendo os dias maus (II Timóteo 3).
Logo, não será exagero ainda mais uma vez ressaltar: a partir da década
de 60, anos mil e novecentos, juntamente com a conquista de direitos civis
justos para as mulheres e as chamadas minorias,
o que também se viu na civilização ocidental? Entre outros, tendo a nudez
feminina na linha de frente de nossos usos e costumes e, até mesmo em
decorrência disso, a instituição (com a decorrente banalização) do divórcio; a
liberação do aborto; uma forte adesão ao biquíni, à mini-saia, ao fio-dental e
ao topless; a prostituição em capa de revistas e outras mídias da imagem
feminina e, posteriormente, também da masculina; a sexualidade como fator de
sedução, defraudação e manipulação do sexo oposto e, hoje em dia, também do
mesmo sexo; para, finalmente, a aceitação (Forçada pelas minorias e festejada por grande parcela dos segmentos formadores de
opinião.) de uma nova ditadura do comportamento, em nível de sexualidade.
Assistimos a cultura ocidental caminhando
irreversivelmente para a sodomização, embora saibamos que nada começou
exatamente assim e por agora. Alguns de seus usos e costumes recebem adesão de
boa parcela da cristandade. E hoje em dia o termo gospel vai se tornando uma
espécie de rótulo para avalizar e validar práticas muito duvidosas.
Se há uma palavra bíblica em que a tudo isso se possa
aplicar é Apocalipse 22: 10-12 em termos de seu pleno cumprimento. E a igreja
do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade (I Timóteo 2: 14-16), ao contrário
dos tronos de Satanás, onde Jezabel, poderosíssima,
habita (Apocalipse 2: 13), NÃO pode ter impunemente percentual de culpa nesse
estado de coisa. Se não reagiu, precisa fazê-lo; se aderiu, precisa
penitenciar-se. Mas, talvez, muito de
nossa incapacidade de resposta esteja na terrível similaridade que guardamos
com o Israel dos tempos dos juízes.
III - 7 PARALELOS
DESCONCERTANTES:
1 – UM AMBIENTE NADA
PROPÍCIO À ESPIRITUALIDADE,
COM A MULHER EXERCENDO (OU SENDO OBRIGADA NO MESMO A
EXERCER) PAPEL CAPITAL: SEJA PARA O BEM, SEJA PARA O MAL.
1/ Eu estava dentro de um ônibus, cujo trajeto, sentido
bairro a bairro, implica em passar pelo centro da minha cidade. Além do
motorista, do cobrador, de uma jovem que conversava desembaraçada com o este
último e eu, não havia mais ninguém. Embora muito centrado no que haveria de
fazer, quando chegasse ao meu destino, fui despertado para a conversa da moça
com o auxiliar do condutor, quando este lhe perguntou: “Mas você não era crente”?
A indagação surgiu justamente no momento em que o ônibus
fazia a travessia do centro da capital. E a nossa jovem, então, começou a se
justificar, dizendo não mais pertencer a tal igreja, e que agora podia
vestir-se assim e assado e fazer isso e aquilo.
Reparei, quando se levantou para descer: realmente, não poderia naqueles
seus trajes, ser identificada como uma mulher de Deus.
Na vulgaridade do seu ato de se vestir, havia pouco pano
para tanta carne; contribuído para tal, embora fosse de baixa estatura, seu tipo
físico. As peças íntimas, fortemente visualizadas, através do tecido extremamente
transparente da calça comprida que usava. Era mesmo ser aquilo intencional, tendo-se
em vista esse tipo de coisa integrar o conceito mundano de moda. Além disso, estava
ela usando uma blusa, cujo decote, de tão apelativo, mal se lhe cobria os seios.
E tudo, tudo operando um efeito, digamos efeito, no mínimo vexatório, para não
dizer periguético, de sensualidade. A
despeito de sua pouca graciosidade natural; agora, ainda mais inibida pelo tipo
que fazia.
Quando, enfim, desceu, o cobrador acompanhou-lhe com um olhar
malicioso e um risinho diabólico nos lábios... Enquanto pôde. (Dir-se-ia
Satanás, dizendo para si mesmo “Essa já é minha!”). Para, em seguida, entabular com o motorista uma
conversação recheada de comentários picantes, a respeito daquela nossa
irmãzinha sem noção de pudor e sobriedade (II Timóteo 2: 9-10 RC). Há que se perguntar:
com quais intenções cobrador e motorista
seriam atraídos ao ambiente de culto e vivência em comunidade da igreja em que
ela pertence?
De início, a grande tentação do povo judeu, na terra
prometida, foi a de fundir sua religiosidade à moralidade pagã. O perigo não
estava apenas ao redor, com as nações não ainda subjugadas; mas, também, no
seio da própria comunidade, a qual se deixa gradual e fortemente influenciar
pelas práticas cananitas. Não foram
capazes de expulsar os inimigos do território e de si mesmos (Juízes 2 e
Números 25). Daí, que fortaleceram a tal ponto os espíritos territoriais
dominadores da cultura, com a sua adesão a esta. Famílias, clãs inteiros e até
uma de suas tribo quase que inteiramente se perdeu, quando a tribo de Benjamin
fez-se defensora dos homens de Gibeá. E estes, sendo filhos de Belial, haviam
transformado a cidade numa nova Sodoma (Juízes 19).
Estamos diante dum ambiente nada propício à verdadeira
espiritualidade: com a mulher exercendo (ou sendo obrigado no mesmo a exercer)
um papel fundamental. Ora são prostitutas culturais, nos moldes dos rituais de
culto aos deuses cananitas da fertilidade. Ora, a exemplo de Rute, expostas ou
constrangidas a condições vexatórias, para se conseguir uma aliança de
casamento. Mas, no geral, agredidas e/ou defraudadas sexualmente, em grau maior
ou menor (Juízes 20: 24-27 e Rute 2: 8-12). (Sabemos que a violência sexual é o
mais avançado estágio desse ato repugnante. Na vida domiciliar, quando se chega
ao mesmo, é bem possível que já tenha todo um histórico de atos contínuos de
agressão física e moral.)
2/ As mulheres citadas ou nomeadas ao longo do Livro dos
Juízes dão-nos algumas lições: 1 - Acsa,
filha de Calebe e esposa de Otniel, futuramente o primeiro dos juízes de
Israel: revela-se o tipo de mulher capaz de, lutando pelo bem estar da família,
empurrar o seu esposo para frente. Não seria muito imaginar que tenha
incentivado a Otniel a não se conformar com a servidão ao inimigo e a operar o
maior feito de sua vida (Juízes 1: 11-15 e 3: 7-11). 2 – Débora (que dispensa
comentário) e Jael: esta última, estrategista, soube aproveitar a oportunidade
para desferir o golpe fatal no inimigo. Foi cantada em prosa e verso, pelo fato
de fazer o adversário ficar caído aos seus pés (Juízes 4: 1724 e 5: 24-27). 3 –
A filha de Jefté: vítima do voto de tolo feito pelo pai, não se rebela contra a
autoridade do mesmo não se rebela e nem comete loucura em Israel, no afã se
realizar na área mais sensível da experiência de vida de uma mulher: a
sexualidade. Morre virgem ou foi morta (sacrificada pelo pai) sem que, em sua
intimidade conhecesse homem. Não há informações claras e nem elementos
teológicos que possam comprovar o segundo fato, embora aparentemente realizado.
E se ocorreu, isso não quer dizer o que
o Senhor o tenha aprovado. De qualquer modo, tornar-se, pelo menos por algum
tempo, no único ícone saudável de uma cultura judaica adoecida pela permissividade
(Juízes 11: 29-40). 4 – A mãe de Sansão: já idosa e muito simples, assim como
esposo, em relação ao qual demonstra maior discernimento espiritual (13:
21-23). Nem por isso consta que tenha sido desrespeitosa para com ele. Às
vezes, pequenos exemplos mostram a diferença e quem faz a diferença; e pequenas
histórias são por demais grandiosas (Lucas 2: 36-38). Não foi por um acaso que
o Senhor Jesus em teofania se revela ao casal, maravilhosamente (Juízes 13:
17-18). 5 – Dalila: (uma) Jezabel infiltrada. Guarde esta imagem: ela não é
apenas literária; tem um caráter de discernimento espiritual muitas vezes
necessário à compreensão da relação conjugal de algumas pessoas, em posição de
liderança ou na na casa de Deus. Sobressai-se ela no Livro dos Juízes em
relação a todas as demais mulheres, exceto, Débora, que é uma heroína da verdadeira
fé. 6 – A mãe de Mica: exemplo de matriarcado familiar e espiritual
tresloucado, empurrando aos filhos para confusão religiosa. 7 – A amante do
levita: por causa da agressão sofrida em Gibeá, torna-se o pivô da guerra
civil, relatada no capítulo 20.
Das mulheres comuns, Acsa e a filha de Jefté pertencem
aos tempos de paz e relativa vitória sobre o inimigo. Jael e a mãe de Sansão
são coadjuvantes no início e ao final de uma vitória já anunciada. Mas, até em
consonância com o espírito de Jezabel, ainda dominante no território e na
cultura, a mãe de Mica, a amante do levita e a indefectível Dalila se
sobressaem; seja como protagonista, seja com coadjuvante. Os livros de Rute e I
Samuel dão testemunho das maravilhosas mulheres de Deus que foram Noemi, Rute e
Ana. No entanto, a nota mais triste dos três livros é pequena, mas exponencial,
quanto ao ambiente de promiscuidade reinante e para o que contribui a moral
duvidosa das israelitas: no próprio serviço de Deus, na tenda da congregação,
algumas delas se prostituíam com os filhos de Eli, o sumo-sacerdote (I Samuel
2: 22).
3/ Soube, por um
profissional de determinada área, de um fato pra lá de estarrecedor. Talvez
tenha sido me passado até em função do tema sobre o qual escrevo. Certo
indivíduo, elevado não sei como à condição de honra na casa de Deus, conseguiu
seduzir nada menos do que seria cinco por cento das mulheres de uma comunidade.
Entre as mesmas, aquela de quem se esperava o testemunho mais exemplar de
esposa cristã. Trago o fato à luz, porque a principal vítima de toda essa
desgraça, fragilizada emocionalmente e depois de buscar ajuda espiritual e
profissional, achou por bem tornar notário o ocorrido. Tinha em vista a verdade
que liberta e a confissão que cura poder operar em que, depois de desmascarado,
viesse a se arrepender. E pudesse, então, o Senhor Jesus restaurar as ruínas daquilo que um dia foi a Sua
glória, na vida daqueles que são (ou deveriam ser) o Seu maior motivo de
orgulho. E posso dizer, por experiência própria, que isso é realmente
possível. O número exato de pessoas
envolvidas na tragédia, talvez pelo despudor anunciada, daquela igreja local é
o que menos aqui interessa. E queira o Senhor Jesus sempre nos guardar da
crítica gratuita. Mas é inevitável, considerando o Israel de Deus onde foi
cometida tal loucura; e o fato de se ter ali um contingente masculino; e, como
é natural, um grande número de crianças; estamos lidando com um sinistro da
(não) espiritualidade. E chega-se, então, à inevitável conclusão de que a
porcentagem dos envolvidas eleva-se à exorbitância.
O pudor, evidentemente, não está restrito ao vestuário.
Começa pelo ato de se vestir, para se fazer inequivocamente presente no ato do
desnudar-se, quando da entrega da mulher ao homem (Hebreus 13: 4 e I
tessalonicenses 4: 3-8. ). E dentro das condições bíblicas, ao seu legítimo
cônjuge. O pudor quebra legalidades (Atos 5: 13) e protege a moralidade, uma
vez que dê testemunho duma espiritualidade, fundamentada na pureza interior (I
Timóteo 2: 9-10 e I Pedro 3: 1-6). Tende
a afastar os maus intencionados ou pelo menos não deixá-los à vontade na casa
de Deus (Judas 4 e Apocalipse 2: 20-21). Além de contribuir efetivamente no
impedimento da entronização do principado de Jezabel numa relação conjugal, na
vida familiar, dentro das igrejas e no serviço cristão. Não se tem notícia na
Bíblia da manifestação dessa potestade, sem que estivesse ligada direta ou
indiretamente à imoralidade (Juízes 2:11-13); e esta, na pós-modernidade, já de
início evidencia-se escandalosamente no simples ato das mulheres se vestir. Deus
não ficará alheio à mulher que O reconhece diante do Seu espelho. Por certo que
há de ajudar as que o temem a edificarem o seu lar, antes, durante e até depois
(se for o caso) do casamento; assim como a casa de Dele (II Timóteo 2: 19-21).
Mas este paralelo é preciso que seja feito.
2 – HOMENS OMISSOS
& EM FUGA DA SUA
RESPONSABILIDADE ESPIRITUAL.
Fugindo à regra das narrativas daquele período, nas quais
quase todo judeu nomeado está ou será investido de alguma autoridade
espiritual, seja como libertador, juiz ou sacerdote, a menção da pessoa e dos
atos de Elimeleque, no livro de Rute, torna-se emblemática. Parece-me que, a
exceção de Manoá, Mica, Boaz, Finéias,
filho de Eliazar, e de Hofni e Finéias, filhos do Sacerdote Eli, nenhum outro
judeu é nomeado. Elimeleque surge, então, como coadjuvante negativo na história
de Rute e Noemi. O pai de Malom e Quiliom recebe num de meus livros inéditos, Vai Casar?... , entre outros
comentários, o seguinte perfil:
“ELIMELEQUE
nasce judeu; casa-se com Noemi, abandona o país por causa da fome, para morrer
prematuramente em Moabe (Rute 1:1-4). Os filhos dele com a esposa também morrem
prematuramente, de modo que mulher e noras são deixadas em sérias dificuldades
financeiras (Rute 1:4-7 e 2.22). Quiséssemos, portanto, buscar uma explicação
para curta, porém, paradigmática existência desse personagem bíblico seria:
Aquele que não foi o que poderia ter sido. Basta-nos ir à história um pouco mais a fundo.
Lendo
as Escrituras, podemos determinar que a única razão para que houvesse tanta
fome na terra que “manava leite e mel”, gerando tamanha desgraça pessoal e
familiar, era o pecado coletivo. A Lei de Moisés já previa isso (Deuteronômio
28). E tudo fica ainda mais claro à leitura de Juízes 2.7-19. A desobediência da nação
judaica, além de colheitas fracas, devido à falta de chuva, contribuía para que
o povo fosse também escravizado por outras nações. O pouco que a terra produzia
era saqueado. Antes mesmo da colheita. Só fazendo aumentar as desgraças
trazidas pela miséria espiritual.
Foi
diante desse quadro que Elimeleque, tal como a maioria das pessoas de sua
geração, fez o que achava certo aos próprios olhos (Juízes 21:25). E ele, em
particular, abandonou o país. Afinal, precisava sobreviver e, quem sabe,
alcançar alguma realização profissional, já que a família não podia passar
necessidades...
Observamos,
porém, que como líder espiritual de sua casa, sacerdote do lar, Elimeleque peca
terrivelmente. Ele foi se misturar com um outro povo, coisa que Deus havia
proibido, e expõe a si mesmo, além de mulher e filhos, às influências de uma
nação idólatra e de cultura permissiva (Números 25, Esdras 9 e 10, Êxodo 34:16,
Deuteronômio 7:3).
É bem
possível (e o contexto nós fornece essa possibilidade de interpretação) que, no
tempo de Elimeleque, Israel já estivesse contaminado por dentro pelos costumes
das nações cananitas. Ficar, todavia, representava bem mais que uma atitude de
obediência a Deus, apesar das circunstâncias. Era também o primeiro passo de fé
para que Elimeleque cooperasse com Ele no cumprimento de um propósito bem maior
para a sua geração. Ia além da simples subsistência familiar ou da realização
profissional ou como bom chefe de família.
Quando
o Senhor Jesus disse a Satanás que “nem só de pão viverá o homem, mas de toda a
palavra que sai da boca de Deus”, estava repetindo o que Moisés escrevera na
Lei. E em se levando em conta toda a Palavra, qual seria o propósito de Deus
para quaisquer que fosse o homem da geração de Elimeleque, senão que dentre
eles (E bem poderia ter sido o próprio Elimeleque.) fosse levantando alguém como
libertador do Seu povo? Um líder, um juiz, enfim, um referencial até para posteridade.
No decorrer daqueles quatrocentos e cinqüenta anos de história, poucos
cumpriram o papel ou cooperaram com quem Deus levantou.
A
causa principal da fome e da escravidão, geradoras de tantas desgraças pessoal
e familiar era, antes de tudo, espiritual. O Senhor Deus do Universo sempre
está à procura de alguém que se coloque nas brechas (Ezequiel 22:30-31).
Elimeleque bem poderia ter sido (ou pelo ter-se transformado num cooperador) de
um desses homens. Mas não quis. Optou por tornar-se um retirante. Pensou (e
equivocadamente) apenas em si e nos seus. Quando deveria lutar para que a
vontade de Deus, já prevista por Moisés e Josué (Josué 24), fosse plenamente cumprida
na sua vida, com reflexo direto na história de sua família e no destino de seus
contemporâneos.
VOCÊ
JÁ OUVIU ALGUÉM PREGAR SOBRE ELIMELEQUE? Já leu algum livro sobre ele? A
própria Bíblia gasta muito pouca tinta com este personagem. E, possivelmente,
nem contaria sua história, não precisasse falar de Noemi. No entanto, poderia
Elimeleque ter sido incluído na Galeria dos Heróis da Fé (Hebreu 12), como
foram Débora, Jael, Ana, Rute, Noemi e Samuel, entre outros. É que ninguém pode
ser usado por Deus, agindo e pensando egoisticamente. Ou seja, desprezando os
princípios da Palavra e agarrando-se aos paradigmas de uma geração corrompida e
materialista.
Fosse
nos dias de hoje, Elimeleque seria aquele tipo de pessoa que põe os seus
próprios interesses (pessoais, profissionais, etc.) antes do Reino de Deus e
Sua integridade. Não creria de todo o coração no que Jesus disse, quando
repeliu com veemência as insinuações de Satanás. O coração de Elimeleque não
seria identificado como a boa terra da Parábola do Semeador (Marcos 4); antes
como a semente crescida junto os espinheiros. E espinheiro de toda sorte tem
crescido junto com a fé no coração do cristão pós-moderno...
Não é preciso enfatizar o modelo negativo de pai e
a má escolha, enquanto esposo, que foi Elimeleque. E a citação por si mesma já
elucida o paralelo em
questão. Vivemos num tempo de muitos Elimeleques: nas
celebrações; no ministério e na vida familiar. (Eu mesmo, quando escrevi as
páginas mais tristes da minha vida, tornei-me num desses.) É o que em certa
parte explica a maciça presença feminina em posição de honra na Casa de Deus,
em detrimento do sexo masculino. Além, é óbvio, das vocações despertas e das
oportunidades prontamente aproveitadas.
Se isso é bom ou ruim, somente as futuras gerações
irão dizer. O certo é que tal testemunho dependerá totalmente de como nossas
amadas irão edificar (ou não) o próprio lar e/ou a casa de Deus. Tendo-se em
vista um ambiente nada propício à espiritualidade, com elas a exercer, ou sendo
obrigadas até por demanda ao exercício de um papel capital. Algumas estão ou
foram casadas com um Elimeleque; outras, têm por retaguarda um Lapidote. E quantas,
quem sabe, terão que optar por ser fiéis esposas apenas do Senhor?
3 - VIDA ESPIRITUAL OSCILANTE.
1/ Tivéssemos de definir numa só palavra o livro de
Juízes ou aquele período da história judaica constantes ainda das outras
narrativas, essa palavra seria oscilação. Israel oscila entre a liberdade (ou o
domínio) e a servidão aos inimigos que deveria ter expulsado. Assim como nós
vivemos de vitórias e fracassos com relação a algum pecado, ainda não completamente
vencido; ou em alguma área de nossas vidas.
Não poucos crentes com décadas de fé, entre os quais me
incluo, tiveram períodos de esfriamento espiritual e até desvio, saindo uns e
ficando outros nas igrejas. Em ambos os casos, no meu, por exemplo, as
conseqüências foram danosas à vida pessoal, conjugal, familiar e profissional.
Já os que permanecem em pecado, principalmente lideranças, no seio das
comunidades tendem a expô-las a danos maiores. Às vezes, irreversíveis. Todos
nós conhecemos casos clássicos: alguns estão na mídia, outros, por se tratar de
pessoas pouco conhecidas, ficaram restritos às localidades. E como é difícil
recuperar os escandalizados, os próprios envolvidos e nos livrarmos do estigma
deixado!
O apelo à misericórdia do Pai ou (Aconteceu comigo.) a
misericórdia, a despeito da dureza de coração, é o que determina o
reavivamento espiritual. Acontece tanto
em nível pessoal quanto de comunidade
(Juízes 2: 17-19). Mas note, minha eventual leitora (ou leitor), que a história
judaica da época dos juízes nos permite um paralelo muito significativo com a
da igreja brasileira dos dias atuais. Visto estarmos inseridos numa sociedade
do consumo e cultura do espetáculo, a espiritualidade de alguns tende a se
tornar icônica. Aconteceu com Israel: enquanto viviam os juízes libertadores, o
povo buscava e servia a Deus (ou ao Deus da referida liderança). Morrendo o
ícone da espiritualidade vitoriosa, a fé também morria.
Não são poucos, adolescentes e jovens na sua maioria, os
que têm a seus líderes e, mormente, a alguns adoradores na conta de ídolos. Não
é possível precisar se vão às celebrações por causa de Cristo ou devido à
presença anunciada de determinada pessoa. Os motivos de tal endeusamento, de
suas “divas” da música cristã, principalmente, são também questionáveis. Certo
jovem ou adolescente promoveu a seguinte enquête, num dos grupos da internet
que participo: Quais as três
(Perdoe-me por reproduzir a expressão.) mais
gatas da música gospel?
2/ É corrente em nosso meio: para cada crente em
comunhão, existem dois desviados. Pior, porém, que a estatística é o número de
crentes nominais ou mesmo já extraviados, em termos de comportamento (e até de
confissão), mas dentro das igrejas. Isso se tornou mais perceptível com o
advento do neo-pentecostalismo e em quase todas as demais denominações, com a
larga utilização do rótulo “gospel” para sacramentar práticas nada a ver com a
piedade. E esta, tão recomendada por Paulo a Timóteo, o qual deveria ser o
espelho das igrejas sob a sua direção (II Timóteo 4: 6-9).
Aconteceu de eu encontrar nas redes sociais ditos
cristãos festejando a chegada da Sexta-Feira. E deixavam claramente a entender
sua disposição e disponibilidade para encontros ou reuniões de cunho totalmente
duvidosos, no que diz respeito à santidade. Já aos Sábados, sabe-se que alguns
de nossos jovens saem dos cultos e se vão para Tessalônica; quer dizer, para as
baladas (II Timóteo 4: 9-10). Pode-se imaginar como esse estado de coisa depõe
contra a pureza no namoro e demais níveis de relacionamentos.
3/ O mais doloroso, ao tratarmos de temas cristãos em
nossa nação nesses dias, é sermos obrigados, em função de tantos
acontecimentos, comentar sobre o que nada tem ver, diria Paulo, com as sãs
palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade
(I Timóteo 6: 3). A cristandade parece esquecida que o contrário da piedade é a
impiedade (Tito 2: 11-5); não a liberdade cristã, ainda que na perspectiva de
seus conceitos mais evasivos. Razão pela qual, embora fugindo da crítica
gratuita, em
Em Cristandade Pós-moderna em Questão 01, artigo publicado
anteriormente no meu blog MISSÃO IMPACTAR (Google) e no
perfil do Facebook, foi inevitável traçar o seguinte quadro sobre momento
atual:
“... Soma-se a peruas de Jesus; oração da propina;
neófitos internautas fazendo ousadas asseverações sobre o que não sabem ou
esqueceram de perguntar; esoterismos teológicos; escândalos de toda ordem,
mormente financeira; Demas & Diótrefes; teólogos ateus ou já apartados da
pureza e simplicidade devidas a Cristo; bate-bocas (de fazer corar de vergonha o mundo cão da TV
aberta) entre líderes denominacionais;
Antipas, nas redes sociais e na mídia, sistematicamente antipatizados;
“escolhidos” com k de kaiser e skol;
além do termo Piedoso (Tão caro ao Espírito nas exortações pastorais de
Paulo...) ir adquirindo alto teor de pejoratividade entre a contemporânea
mancebaria e da introdução, já não mais
dissimulada, de indivíduos no espírito do homem do pecado e filho da perdição
na igreja local...”
E de fato, tais coisas nada têm a ver com o ensinamento da
piedade, tão caro e exponencialmente exposto em suas cartas pastorais por Paulo
(Tito 2: 11-14). Esse tipo de coisa tem mesmo a ver, mas com a nossa oscilante vida
espiritual, tal como aconteceu com Israel, na luta contra os inimigos. Nos dois
casos, numa escala decrescente, a própria carne, o mundo e Satanás. Mas seria
leviano de minha parte, após fazermos tão embaraçoso diagnóstico, não apontarmos
o que temos da parte do Senhor como solução recomendada pela Bíblia. Ela consta dos tópicos A Resposta (Apostólica) da Bíblia, O Exemplo de Débora e Na Exata Compreensão do Principal Paralelo, A
Melhor Definição & Projeção de Todas As Coisas. Já o poema Mulher Vestida de Louvor, de minha parte
nem havia a sequer previsão de elaboração, é mesmo um mimo da parte do Senhor
Jesus à mulher cristã brasileira. E uma homenagem especial às leitoras deste
Cristandade, Moda Feminina & O Xis da Questão.
Na verdade esta obra, mais do que um chamamento à sobriedade
e ao pudor bíblico, oferece também resposta ao grande risco do fator Jezabel.
Esta potestade quer entronizar-se nas
comunidades cristãs, através dos paradigmas da sociedade de consumo e da
cultura do espetáculo. É inequívoco que utiliza-se do despudor e de elementos
da moda feminina, para instalar em nosso meio a permissividade (Judas 3-4). Faltava,
então, colocar as coisas na sua devida amplitude. Foi o que estamos a fazer, mesmo
eu temendo não ter apropriada capacidade e quem sabe autoridade espiritual para
tanto.
4 - LÍDERES ICÔNICOS PODEROSAMENTE UNGIDOS, MAS
DE CARÁTER E AÇÕES
CONTROVERSOS.
1/ De todos os juízes de Israel, talvez seja Eúde o mais
discreto e estratégico. Dele não se conta nenhum Porém. E temos, também, em
função do seu ministério, a informação do tempo de paz mais duradouro: oitenta
anos. É possível que fosse bastante jovem, quando operou o grande feito da
libertação ou que tenha feito sucessor; talvez o próprio Sangar, embora tenha
este lutado com os filisteus. E sucessor nenhum juiz fez. Pouco sabemos sobre
Otniel; menos ainda sobre Sangar; e ainda menos sobre Ibsã, Elom e Abdom,
sucessores de Jefté. Este, de ministério tão curto, após tão grandes vitórias,
mas comportamento inadequado (voto de tolo) pra um homem de Deus. Jair e Tola sucederam a Elimeleque, filho de
Gideão, o qual, na ausência do pai, assassina setenta irmãos, para instituir um
reinado de usurpação.
Os três mais poderosos na guerra, ou grandemente ungidos,
Gideão, Jefté e Sansão, também se destacam, infelizmente, pelo caráter controverso.
Gideão é, sobre tudo, um homem medroso; negligente para
com a necessidade de uma liderança visível para nação imatura espiritualmente
(8:22-23); e, no final, servirá ele e sua casa de tropeço ao povo. Faz uma
faixa sacerdotal, deixa-a à visitação em sua cidade, sendo por isso o lugar e o
item transformados em local e objeto de culto. Estamos lidando com uma
confusão, que vai alimentar o sentimento idólatra do povo. Além disso, o filho
que ele, mesmo sendo polígamo, teve fora
do casamento, fará jorrar um rio de sangue em Israel. Elimeleque
teve sede pela liderança que o pai desprezou e a ninguém preparou para
dignamente exercê-la.
De Jefté, como pessoa o que fica, é o homem ressentido e
recalcado, pelo fato de ter por mãe uma prostituta (Cultual?) e ter sido
rejeitado pelos irmãos do pai. O voto desastrado que faz e, de alguma forma o
cumpriu, talvez tenha apressado, pelo desgosto, a sua própria morte. Ele vive
poucos anos, após o acontecido.
Sansão é um homem poderosamente dotado, mas dominado por
si mesmo e pelas suas concupiscências. Todos estes demonstram total
desconhecimento da Lei pelas vidas que tiveram ao nível pessoal, conjugal e
familiar. Não tinham mesmo como saber julgar o povo e deixar uma herança mais
duradoura, fora a lembrança de seus feitos heróicos e vida controversa.
Observamos que a discrição de Eúde e o seu ministério de
efeito mais prolongado na vida de Israel e o avivamento participativo trazido
por Débora foram muito mais benéficos à nação.
2/ Já o disse em texto certa vez que Madre Teresa de
Calcutá é mais unanimidade que qualquer liderança evangélica do país. Para
vergonha nossa, diria Paulo. E é muito triste, principalmente para quem sabe o
que é ser ministro da Palavra, ver a figura do pastor associada ao político
corrupto e aos picaretas de plantão. Evidente que há toda uma orquestração diabólica
por detrás disso. Infelizmente, com muitas das trombetas de acusação soprada
por membros da própria cristandade. Mas sabemos que também não é assim tão sem
motivos. Estamos dando munição ao Adversário.
A forma com que alguns lidam com o dinheiro; e,
teologicamente, com o pobre e a pobreza, a despeito de Tiago 2: 5; a pouca
divulgação (Ou seria ausência mesmo?) de obras sociais inspiradoras; a nossa
adesão aos valores da sociedade de consumo e à cultura do espetáculo; e, até
mesmo do aproveitamento fútil ou materialista dos bens materiais que Deus de
tem dado a alguns, não estaria gerando um comportamento de elite, no sentido
mais pejorativo do termo? Quando deveríamos ser (de todos) servos?
Pertenço a uma igreja local, a qual, possivelmente demorará
um tanto para ter o seu milhão de membros. Mas tem um ministério tão
inspirador, que consegue envolver a cristandade em escala mundial numa visão de
Reino. Tem quase duas centenas de serviços. Todavia, o nosso maior patrimônio
é, sem dúvida, o testemunho de vida do líder principal. Não é polêmico; que eu
saiba, nunca esteve envolvido em escândalo; e tem uma palavra e postura tão
autenticamente cristãs, que o impedem de fazer o estilo (Quer para sociedade, quer
para alguma outra parcela da cristandade.) Ame-o ou deixe-o. Impõe
respeitabilidade; mas sem precisar pedir ou cobrar respeito. De uma liderança
assim ninguém sente incômodo ou na obrigação da defesa forçada de seus
discursos, atitudes ou postura, às vezes, duvidosas. A espiritualidade tende a
fluir sem contratempos. Disser-ia um Eúde na galeria dos juízes.
A função ministerial do pastor anda desgastada entre
vários segmentos e públicos não apenas por causas de algumas lideranças de
grande mídia. No dia a dia, nas pequenas ou nas médias comunidades, encontramos
perfis que deixam muito a desejar, além das coisas simplesmente inaceitáveis.
Quando, por exemplo, alguém nessa investidura, empenha a sua palavra e não a
cumpre, e nem mesmo dá uma satisfação, é automática a sensação estarmos
tratando com a pessoa errada numa posição/condição certa. O mínimo que se pode
esperar de um pregador da Palavra Deus é que se empenhe para cumprir a Dele e a
própria.
No entanto, bem o sabemos, são inúmeras as pessoas de bem
e os homens de Deus abnegados. Como diz a Bíblia, apegados à palavra fiel, que
é segundo a doutrina (de Cristo). E na verdade, somos propensos mais a apontar
defeitos que a reconhecer virtudes, principalmente dos anônimos.
A cultura do espetáculo, pela qual, infelizmente estamos
sendo seduzidos, prefere ver pessoas se engalfinhando numa casa de vidro a
solidarizar-se, ajudar ou decididamente envolver-se com quem cumpre e eficaz e
anonimamente a vocação. Fora o fato de estarmos vivendo num tempo em que a
Palavra, até mesmo no seu sentido literal e, portanto, a não exigir interpretação,
está sendo vergonhosamente trocada por paradigmas humanos. E isso gera
comportamentos controversos; no geral,
dos púlpitos para os bancos.
Líderes controversos geram crentes e comunidades inteiras
controversas. E se, p. ex., um de
expressão nacional, e autoridade espiritual sobre milhões, utiliza-se do exorbitantemente caro espaço da
tevê aberta, para fazer referências nada lisonjeiras ou campanha difamatória
contra outro, o que se pode esperar dos membros de sua comunidade? Fazem da
internet um palco, ou, melhor e, como se diz por aí os versados em vale-tudo,
um octógono. E quando deveríamos ser reconhecidos pelo amor e pela unidade,
ficamos irreconhecíveis ao mundo e perante nós mesmos.
3/ A recomendação bíblica sobre a pessoa do ministro da
Palavra que ele seja irrepreensível; e, não, controverso. Até porque são
formadores de opinião (Malaquias 2: 5-7) e delineadores do caráter cristão de
comunidades inteiras. Logo, na sua piedade
pessoal e prática pastoral torna-se inconcebível uma relação controversa
com o dinheiro. E no que diz respeito a questões teológicas, para com o
extremismo, tanto em termos de legalismo quanto da libertinagem. E também para
com posicionamentos contenciosos (II Timóteo
2: 14-26). Além, é óbvio, da postura orgulhosa, na busca e na utilização
da riqueza; sabendo-se que dela decorreria o menosprezo pelo pobre, a
insensibilidade social, os relacionamentos utilitarista e o fazer acepção de
pessoas. Comportamentos próprios do
elitismo no sentido mais pejorativo do termo.
Temos assistido a tudo isso com pesar. Não faltando ainda
os que pecaram gravemente, mas não se arrependeram. Alguns foram disciplinados
e não aceitaram a disciplina. Saíram e arrebanharam discípulos, formando
comunidades, fundamentadas nalguma prática do pecado, tornando-se um expert
na justificativa dos mesmos, além de detratores de quem ousou admoestá-los.
Nada disso é novo; existe desde sempre (Atos 20: 17-35). O que nos deixa
pasmado é o seu avolumar-se e o fato lamentável de tais comportamentos então tornar-se
na “marca” (ou estigma) de algumas lideranças e comunidades.
Analisando friamente, não se trata apenas de uma pecha
forjada pela perseguição, o que seria até natural: Satanás é acusador dos
irmãos e nunca terá compromisso com a verdade, pois é o pai da mentira. E o Senhor
falou que seríamos odiados pelas nações por causa do Seu nome. Este tempo,
parece-me, é vindo para ficar. Com maior ou menor intensidade de cultura para
cultura, nação para nação. Ou seja, até que tudo se cumpra (Mateus 24 e 25).
Mas a gente vai chegando também à triste conclusão que uma coisa é ser
perseguido por causa do Senhor; e outra, pelo seu nome. Factível, muitas das vezes,
de utilização indevida ou controversa. E, em alguns casos, até mesmo promiscua.
5 - CONFUSÃO RELIGIOSA
(Mica)
1/ Exorto a minha leitora (ou leitor), antes de
prosseguir com a leitura, voltar-se para a sua Bíblia: especificamente para II
Coríntios 6: 14-7:1. A passagem dá-nos a perspectiva de leitura deste Cristandade, Moda Feminina & O Xis da
Questão; em particular, a este capítulo; e, ainda mais enfaticamente, ao
tema confusão religiosa.
O termo confusão por si mesmo designa a fusão de dois ou
mais elementos. E na experiência judaica dos tempos dos juízes, nada havia (ou
deveria haver) de extremadamente incompatível que a idólatra cultura cananita,
a qual YHWH esperou séculos e séculos, talvez milênios, para julgar (Gênesis
15: 13-16), e a vida espiritual fundamentada na santidade que Ele propusera,
através da aliança, a Israel (Levítico 11:44 e 19: 2). E saiba que, em termos
de princípios a reger nossa conduta moral e de vida, nada mudou: somos o Israel
de Deus (I Pedro 1: 13-21).
Em se tratando de sexualidade, o capítulo dezoito de
Levítico é por demais definidor e determinante quanto ao que é inaceitável,
enquanto práticas relativas a essa área tão vital em nossa experiência de vida.
Cerca de mil e quinhentos se passariam, e o apóstolo Paulo e os principais
escritores bíblicos seriam também enfáticos no que diz respeito a nenhuma
sombra de variação no coração Deus quanto ao que Ele tem por abominável Pouco ou nada importando a sofisticação
libertina de alguns aspectos da cultura grega e o paganismo romano, então
estabelecido, chegado a bacanais. Logo, não será a pós-modernidade e nenhum
grupo contemporâneo de indivíduos que, no espírito do homem do pecado, poderá
alterar a compreensão do fato. O
Espírito Santo, através Paulo, dá-nos diagnóstico espiritual da razão de ser da
escravidão àquelas práticas (Romanos 1: 18-31 e 32); e, através de Pedro, o
remédio para cura dos seus males (I Pedro 2: 13-21). E estes, com alta tendência
de sedução, ao ponto de a tornarem-se dominantes na cultura ocidental.
A cultura cananita era também sedutora. Fundia os dois
aspectos mais essenciais da condição humana:
religiosidade e sexualidade. E
não é de se admirar terem os judeus em tão pouco tempo virado tão completamente
as costas à observância da Lei, que é rígida em muitos casos. Mesmo depois dos
reavivamentos pós alguma ação libertadora, naqueles quatrocentos anos de
história da era dos juízes, não se tem notícia que a Palavra fora ensinada ou
observada. O único líder que se mostra
apegado à mesma é Débora. Tanto que era profetisa mesmo em tempos de servidão,
tendo o seu ministério de juíza já reconhecido, a despeito de não ter ainda
operado algum feito extraordinário. Mais extraordinária que quaisquer feitos
foi a estatura espiritual daquela mulher. O cântico de Débora demonstra sua
condição de fervorosa adoradora e articuladora da palavra profética, num período
em que rhema e visões eram raridade (I
Samuel 3:1). Num cenário como aquele, factível do necessário paralelo com o
nosso, é inevitável chegar-se a extremos, principalmente no mal sentido.
Houvera a exposição prolongada, com a gradual ou mesmo maciça absorção de
valores culturais negativos das práticas cananitas. E tratava-se também de uma
prova de fogo (Juízes 3: 1-6). Até em relação a isso, o paralelo com o nosso
tempo tende a torna-se também inevitável (Mateus 24: 5-13 e II Tessalonicenses
2: 7-12).
2/ O caso Mica e sua casa de ídolos (Juízes 17 e 18) é
exponencial, no que diz respeito à confusão religiosa; enquanto que a história
do levita e sua amante, que veremos no próximo tópico, no que diz respeito
à perversão da sexualidade. Ambos as
histórias, em certo sentido “coroam” a narrativa de um tempo em que cada um fazia o que reto aos seus próprios
olhos, sentencia o texto bíblico. Se bem pensarmos, até apagariam a grande
fama do tresloucado romance de Sansão com Dalila, não houvesse neste último
tantos detalhes desabonadores à conduta do líder e tamanha dramaticidade no
final da história.
Certa feita, fui a certo bairro de minha cidade, para
cumprir a uma determinada cota de evangelismo pessoal. E o Senhor moveu-me a
descer do ônibus na entrada, quando o natural seria no centro, e ali iniciar o
trabalho. E era para começar, falando
com dois homens, sentados na porta de uma casa de jogo do bicho. Quando voltava
daquele bairro, observei que o nome da loja era “Nova Aliança”. No ônibus, e
atento ao que se passava, observei um rapaz falando com alguém ao celular. E
disse para o interlocutor ter sido “uma bênção” alguém ter aberto um barzinho
perto da casa dele. No banco à minha frente, estava uma mulher sentada; e de
pé, ao lado, uma jovem. A mulher puxou conversa com a moça, à qual era
fisicamente muito atraente, e lhe elogiou a calça comprida: justa e com a
frente muito baixa, deixando-lhe sobressair a parte inferior da barriga, num
efeito, digamos periguético, de
sensualidade. A moça disse-lhe que tinha sido um presente de sua mãe. Nesse
meio tempo, a mulher (verifiquei depois), sem aliança nos dedos, recebeu um
telefonema de alguém e sorriu maliciosa para a jovem. Entabulou uma conversa e
confirmou, ao final, enfática, não faltar ao que seria (Digo por dedução e não
por discernimento.) um encontro amoroso, não sem antes passar na balada, em
nome de Jesus!
Vemos nos exemplos acima, como a terminologia cristã
evangélica vai se disseminando em nossa nação. Não tanto pela adesão das
pessoas ao que deveria ser a vida cristã (Atos 5: 13); mas também em função dos
próprios crentes estarem inserindo-se
nessa sociedade do consumo e cultura do espetáculo indiscriminadamente. Consome-se a religião; e de uma suposta
espiritualidade faz-se espetáculo. Nas formas de lazer e entretenimento, nas
práticas e ritos da vida amorosa e no meio de se ganhar a vida, já não se sabe
quem influencia quem.
Não havia em Mica e sua desbocada mãe desapego à espiritualidade; antes, pelo contrário.
Até porque viam na religião cananita e nas formas imorais de culto ao deus da
fertilidade, um fator de prosperidade. Invocava-se tresloucadamente o nome do
Senhor (17: 1-6), da mesma maneira que hoje em dia já se utiliza (incauta ou
debochadamente) da terminologia cristã evangélica e do rótulo gospel para
validar práticas, senão ímpias, pelo menos muito duvidosas.
Os mais velhos, caso da mãe de Mica, a quem deveria se
ter passado por tradição oral os grandes feitos do Senhor e os termos de Sua
Aliança, ou pelo menos os exemplos positivos do último juiz de Israel, são os que fundem a terminologia e práticas
da lei (Isto é confusão!) com a cultura cananita. Logo, os filhos não têm
referencial do que seria vontade de Deus. Em decorrência disso, não havia mesmo
como refutar o que de errado vinha se perpetuando através das gerações e foi tomado
por comportamento modelo. Irreligiosos mesmo, a despeito do cenário de
promiscuidade no geral, apenas os homens Gibeá: eram assumidamente sodomitas
(19: 22-25).
Determinante no caso Mica, é o que Paulo define como a
piedade como fonte de lucro (I Timóteo 6:3-8). Da boca de sua mãe, por causa do
dinheiro, saem maldições e bênçãos. E por terem uma condição mais abastada,
podem transformar o lar num pequeno templo idólatra. E até contratarem um,
assim digamos, personal levita, para
sacerdote. Lembro-me de que, em certa feita, uma irmã, então sob nossa
liderança celular, fora prestar um tipo de serviço doméstico na residência de
outra, socialite. E nossa irmãzinha,
escandalizada, teve (e foi por mim também aconselhada) a abrir mão
daquele trabalho, por sinal muitíssimo bem remunerado. Dado o fato de,
frequentemente, aparecer na mansão algum “profeta”, entregar uma boa “palavra”
à patroa, cuja situação espiritual era digna de repreensão, e, em seguida, sair
portando um cheque.
Mas, voltando ao caso Mica: como o moço contratado podia ser levita,
pertencendo à tribo de Judá? Um tipo do Senhor Jesus ele decididamente não era
(Marcos 10:45). E nota-se que aceita o “ministério” por dinheiro. Em seguida,
aproveita-se de situação criada, para acompanhar os espias da tribo de Dã pelo
mesmo motivo. Não sem antes dar o que pode ter sido uma boa profetada. Não havia no “levita” nenhuma
sequer observância da Palavra e nem pureza em seus motivos. Não raro, a motivação
correta compensa a falta de conhecimento teológico, o qual se adquire apenas
com o tempo.
Os danitas, por
sua vez, criam para si um outro ministério “levítico”; agora liderado por um
homem da tribo de Manassés. Parece-me não haver sequer a menção no livro de
Juízes de um verdadeiro sacerdote ou levita em atividade ministerial, exceto em
20:27-27, mas entre parênteses, tal como designara o Senhor, para levar o povo
à Sua Palavra (Malaquias 2: 5-7).
Faltou um Esdras, naqueles tempos tão obscuros, capaz de
fazer o povo radicalizar-se contra a cultura cananita, ainda que pagando o alto
preço da separação, seja, da verdadeira santidade (Esdras 9: 1-4; 10: 1-4 X
Juízes 3: 1-6).
3/ Temos na igreja brasileira nos dias de hoje as duas
faces da confusão religiosa: a primeira diz respeito à fusão totalmente
inapropriada da vida (em tese) cristã com os elementos mais negativos de uma
sociedade de consumo e cultura do espetáculo. E no aspecto moralidade, certo
flerte (ou seria aceitação? ) com a permissividade e, em algumas parcelas da
cristandade, a exemplo do que já ocorre na Europa e na América do Norte, até
com a sodomia.
A outra face da confusão, até parece, mas, não é um
paradoxo: se mostra justamente na falta de unidade quanto a usos e costumes;
teologia; formas de culto; e quanto à já citada moralidade. No que diz respeito
a este último aspecto, vemos o termo religioso (piedoso na Bíblia) simplesmente
depreciado por alguns em nosso meio, sem que nos demos conta das implicações
que há nisso.
Na prática, chega até ser compreensível (E eu, pra não
chorar, não pude foi conter o riso.), da imaturidade (e possível falta de
paternidade espiritual) de um adolescente, levando-o a fazer enquête sobre
quais seriam, segundo ele, as três mais “gatas” da música gospel. E óbvio que
ainda indicou as “candidatas”, com a
indevida exposição da imagem. Mas quando alguém, já em nível de liderança e
referencial nalguma comunidade cristã, faz outra enquête, agora do gênero Você concorda ou não com sex shop
gospel (Deixa sem as aspas assim
mesmo!), já estamos entrando ou, nos atolando, num terreno muitíssimo perigoso.
E há que se perguntar (como a muitas outras coisas do gênero cada um fazia o que era reto aos próprios
olhos): o que isso tem a ver com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus
Cristo e com ensino segundo a piedade (II Timóteo 6: 3; Tito 2: 11-15)?
6 – UNIDADE EM TORNO PECADO ( O
Acontecido em Gibeá).
1/ Era inevitável que, com a adesão indiscriminada ou
mesmo gradual à cultura cananita, se chegasse ao nível aterrorizante de
iniquidade verificado em
Gibeá. E, assim como um pouco fermento leveda toda a massa, o
ideal de Satanás era retomar a completa influência de seus espíritos
territoriais, ainda dominantes na cultura. E, numa espécie de contra-ataque,
tendo-se em vista as derrotas sofridas nas campanhas de Josué, transformar
Canaã numa nova Sodoma. Era preciso começar pelos lugares onde encontrasse
maior (e no tempo mais curto) espaço na vida de muitas pessoas. E temos a
informação em 20: 27, quando da única referência à Arca da Aliança e aos atos
de um sacerdote (Malaquias 2: 5-7), que o lamentável ocorrido se deu na
primeira geração que sucedeu a de Josué.
O monstro Gibeá não nascera daquele tamanho. Mas veio
sendo alimentado:
1 – Pela adesão gradual ou indiscriminada à cultura
cananita.
2 - A cada quebra
da Aliança. Havia muito pouco caso para com a Lei de Moisés, à qual deveria
regulamentar a vida e cultura judaica em todos os seus aspectos e não vemos
vestígios dela, senão em momentos de busca de alívio dos sofrimentos ou num
contexto de confusão. E esse tipo de coisa é próprio de quem enxerga a piedade
como fonte de lucro.
3 - Na negligência
do povo em tomar posse de toda a terra. Até que o próprio Deus se cansou de
exortá-los e permitiu algumas nações por lá ficarem, para provar a nova geração
e as que viessem sucedê-la.
4 - Pelos casamentos mistos.
5 - Pela confusão religiosa.
6 – Pela
desmemoria desrespeitosa para com quem lhes deixara um grande legado: o modelo
de vida espiritualmente saudável e a conquista da terra. Não se tinha passado
tanto tempo da conquista de Canaã e muitos já não sabiam dos fatos e
desconheciam os monumentos erguidos. Ou, deixando-se seduzir pelos usos e
costumes pagãos, simplesmente não queriam nem saber.
7 – Pela moralidade duvidosa de algumas mulheres judias,
uma vez que das cananitas de então nada mais é preciso dizer. E, ao se permitir
o discipulado de Jezabel entre elas, algumas acabaram “ministrando” àquela
potestade até na Tenda da Congregação.
São duas as frentes de batalha de Satanás, no sentido
reverter a conquista de Canaã: a perversão masculina, no aproveitamento do
instinto violento dos homens, o qual vinha desde a era diluviana; e a falsa
religiosidade, através da qual Jezabel estabelecia tronos aonde encontrasse
espaço: famílias, clãs, comunidades inteiras. E chegaria, infelizmente um
tempo, que um destes estaria no lar de um dos juízes e na própria tenda da
congregação. Fato que viria se repetir nos dias do reis de Israel, com a Jezabel
histórica e Atalia, entre outras. Também nos tempos da igreja primitiva, em
Tiatira. E tende a se repetir nesse fim dos tempos, em escala crescente, no
seio da cristandade em qualquer comunidade que não se propuser a refreá-lo.
A estratégia é clara. Primeiro ele estabelece a confusão
espiritual, seja: a fusão de elementos incompatíveis na prática religiosa. Com
isso, induz à perda de referenciais, desvirtua o sentido da adoração, apelando
sedutoramente aos apetites da carne.
No que diz respeito à perda de referenciais, vemos que o
povo, tendo aderido não à Palavra, mas a uma cultura como a nossa, icônica, tão
logo morria o juiz, se debandava. E quase todos eles, ao contrario de piedosos
e apegados à Palavra fiel, como foram Débora, fora a unção para a libertação
eram controversos.
O sentido da adoração previsto na Lei era o amor a Deus;
mas a cultura cananita apelava para os deuses da fertilidade, na busca de boas
colheitas. E a religião foi seduzida pela sede de lucro e pelo fator
sexualidade desregrada; enquanto que na Lei, a sexualidade é regulada, bem
definida e resolvida, como Deus assim a fez, antes da Queda. Não aceitando,
portanto, a disfunção cabeça-genitália, indutora das relações íntimas
contrárias à natureza (Romanos 1: 26-27). Não é sem causa que o caso Mica,
exponencial, no aspecto confusão religiosa, caso historicamente não anteceda,
foi posto pelo escritor de Juízes exatamente antes do relato da monstruosidade
ocorrida em Gibéá. E
desta, decorre a Guerra Civil.
A maior munição que o povo de Deus pode pôr nas mãos de
Satanás é a unidade em torno do pecado ou de um erro teológico. A igreja romana
e a dita “contemporânea cristã” que o digam! Nos tempos dos Juízes já nem havia
teologia para ser desvirtuada; a Palavra então revelada fora simplesmente
ignorada. Do mesmo modo que parcela da
cristandade pós-moderna tem feito com algumas passagens bíblicas, tão
definidoras sobre o bem e o mal e o certo e o errado, no que diz respeito à
conduta cristã, nem mesmo requerendo interpretação, dada a sua literalidade.
Mas despeito disso, conceitos evasivos sobre doutrinas ou quaisquer outros
aspectos religiosos do “mundo gospel” (Apropriado termo.) andam tendo maior
peso na vida de pessoas e comunidades inteiras que o logos de Deus.
O risco de se aderir a uma cultura abominável e da concordância,
prática ou apenas subjetivas (Romanos 8: 32), com seus usos e costumes, antes
de tudo exige descomunal desprendimento de força e busca de estratégia na
solução de questões, em verdade, sem nenhuma razão de ser.
1 – Não havia razão de ser para o surgimento de líderes tão
controversos, diante do exemplo de tão grande estatura espiritual deixado por
Moisés. Por mais rígida que fosse a Lei, aquele homem e apenas uma mulher,
Débora, deram testemunho que a fidelidade era possível. Até porque, em primeira
e última análise, a capacidade de ser fiel, no dizer de Paulo, é um ato da
misericórdia de Deus. Mas, para esta, se
apela ou não se apela; ou se aceita ou não se aceita.
2 – Não havia razão de ser para homens omissos e em fuga
da responsabilidade espiritual. O ministério fora confiado a eles. E quando
Deus nos confia algo, Ele mesmo se vê na obrigação de nos prover e honrar. Não
tenho dúvida que, p. ex., se Elimeleque tivesse feito o caminho oposto, o
próprio teria sido levantado como um dos juízes de Israel. Até porque ele tinha
a seu lado uma Noemi. Um estudo mais aprofundado da pessoa dessa outra mulher
Deus extraordinária mostra-nos como fora ela, apesar da morte precoce dos
filhos, uma espécie de Débora, em se tratando da vida doméstica.
3 – Não havia razão de ser para a vida espiritual
oscilante e a servidão vez por outra aos inimigos. Estes, nem deveriam estar
cercando ou circulando entre o povo de Israel. Quem dera, hoje, pensássemos
desse modo (Atos 5: 13).
4 – Não havia razão de ser para a confusão religiosa. Era
a Lei muito pontual sobre todas as coisas, assim como o ensino apostólico no
que diz respeito à conduta cristã em todos os níveis de autoridade e áreas da
vida. Vestuário feminino e o pudor, por exemplo.
5 – Não havia razão de ser para a unidade em torno do
pecado. A instrução da Palavra é que nada o justifica e que não devemos ser
participantes do pecado de ninguém, por maior que seja o nível de amizade e,
principalmente, ou o grau de parentesco. Na Lei, algumas práticas deviriam ser punidas
exemplarmente, não por um exagero ou caprichos de um Deus intolerante.
Era uma forma de proteção, para que a situação não chegasse ao nível do que
aconteceu em Gibeá. E
fossem frustrados os propósitos do contra-ataque de Satanás, oferecido após a
campanha da geração de Josué, para fazer de Canaã uma nova Sodoma.
6 – Não havia razão de ser para nada daquilo, se eles apenas
atentassem para as implicações de sua identidade espiritual de filhos. E nem
para a para formação e perpetuação de um ambiente hostil à verdadeira
espiritualidade, se eles se identificassem como santidade ao Senhor.
7 – E, antes de tudo, não havia razão de ser para a
criação de uma sociedade tão opressiva e desprezível para com as mulheres.
Diante, p. ex., do precedente aberto com o atendimento à reivindicação feita
pelas filhas de Zelofeade em Números 27: 11-11, mesmo que tivessem papel
subalterno, nada se lhes negaria, desde que fosse justo.
2/ GIBEÁ COMO UMA PARÁBOLA PARA O NOSSO TEMPO:
O acontecido em Gibeá tornar-se-ia emblemático do fundo
de poço de um lugar-incomum tornado comum e como que sem saída em que se atolou
Israel em função de sua adesão indiscriminada aos usos e costumes cananitas.
Naquela cidade chega um levita que havia tomado uma moça
por amante, com a conivência do pai dela. Tal fato se explica por estarmos
tratando, ainda que acerca do povo de Deus, de num tempo, tal como o nosso, de
moralidade muito duvidosa.
Homem e mulher vinham da região montanhosa de Efraim. E a
moça, ao contrário de legalizar e honrar a relação como o marido, tinha o
abandonado e feito o caminho de volta para a casa do pai. Estava criada, então,
uma situação ainda mais vexatória.
O levita a convence voltar para sua companhia e
restaurarem o que deveria ser um lar. E pondo-se de volta ao caminho de casa,
evitam pernoitarem no lugar onde futuramente, seria construída Jerusalém. A
então Jebus não era ainda uma cidade habitada por judeus. Logo, aparentemente
oferecia grande risco à integridade física e moral de ambos. Optam por
pernoitarem em Gibéa, de possessão judaica. Mas, curiosamente, ao contrário do
recomendado na Lei, ninguém se prontifica a oferecer-lhes hospedagem. Razão
pela qual, passam boa parte do tempo na praça, ignorados ou, quem sabe, já à espreita
dos homens da cidade. É quando um idoso,
também da região montanhosa de Efraim, mas com residência em Gibeá, lhes
oferece acolhida.
O ancião vinha do
trabalho no campo. Com praça e zona rural, há de supor ser Gibeá uma cidade de
tamanho razoável para a época. O destino do levita, acompanhado de sua concubina,
segundo sua conversa com o ancião, era A CASA DO SENHOR! Daí que, o fato do tabernáculo permanecer
erguido em Israel, ser frequentado e ter quem nele ministrasse, parecia muito
pouco alterar a conduta dos israelitas, dado o grau de adesão aos usos e costumes
do território. E a confusão religiosa chegaria ao ponto de se repetir na tenda
da congregação coisas típicas dos rituais pagãos (I Samuel 2: 22) da localidade.
Até porque o discipulado de Jezabel está umbilicalmente ligado à imoralidade.
O levita, sua amante e o ancião se confraternizavam na
casa deste como irmãos. É quando chegam à porta todos os homens de Gibeá,
exigindo fazer com o levita o que homens de Sodoma intentaram fazer com os
anjos que Deus para ali enviara, no tempo de Ló. O ancião, então oferece a
própria filha, virgem, e a concubina do levita para serem abusadas. No final
das contas, todos os homens daquela cidade, durante a noite toda, abusam de uma
só mulher: a amante do levita. E pela manhã, este a encontra morta, na porta da
casa.
Os homens de Gibeá haviam transformando a cidade numa
nova Sodoma. E o monstro que vinha sendo alimentado, por uns mais e outros
menos, adquirira naquele lugar sua forma mais acabada. O domínio dos espíritos
territoriais da violência e da perversão sexual ali estava completo: faltava agora
espalhar-se por toda a nação, já um tanto quanto com os mesmos, em vários
outros níveis, comprometida.
Israel havia chegado ao fundo do poço. E a vítima ainda
com vida daquele ultraje, reagiu do jeito que podia (ou sabia): esquarteja a
esposa em doze partes e envia uma para cada tribo de Israel, convocando à nação
a uma tomada de posição. E, assim, diante daquele fato tão emblemático da
desgraça espiritual em que se deixaram chegar tornou-se preciso ponderar,
considerar e mudar o discurso (Até porque são as más conversações que corrompem os bons costumes). E, então,
cada um dizia para o outro: Nunca se fez tal, nem se viu desde o dia em que os
filhos de Israel subiram da terra do Egito.
Esta historia começa com a entrega despudorada de uma
mulher a um homem, com a conivência de seu pai, para terminar em forma de
tragédia nacional. Tende a servir como parábola para o nosso tempo. Todavia, o
pior ainda estava por vir.
Aceita a convocação feita pelo levita, todas as tribos se
reúnem em só exército em
Mispa. Formam um contingente
de quatrocentos mil homens. Isso mostra que toda a reação aos inimigos que os
subjugava fora sempre esfacelada,
ficando na dependência de um homem ora estratégico ou cheio do Espírito, para o
seu êxito. Pois, em unidade em torno dos propósitos de Deus, eles poderiam
vencer quaisquer inimigos, de dentro do território (terra da promessa) e ao
redor. Formavam um contingente considerável.
Apesar de todas as tribos aceitarem a convocação,
Benjamim se faz de desentendida. Não se juntou aos irmãos. Mas, sabendo da
formação daquele numeroso exército, interpela às demais tribos. Quando fica
ciente que o propósito da formação era revidar o ultraje, disciplinando
exemplarmente os homens de Nova Sodoma,
conforme previsto na Lei, Benjamim assume uma postura surpreendente. Faz a
convocação de seus homens, reúne um exército de vinte seis mil pessoas, mas se
coloca na defesa de Gibeá. E, depois, em meio à Guerra Civil, também se
descobre que a cidade de Jabes-Gileade também não se congregara a Israel: ficou
em cima do muro. E depois pagaria caro por isso.
3/ Algumas lições precisam ser seriamente tiradas do
acontecidos e dos lances posteriores:
1ª. ) A DEFESA DO MAL APENAS SE TORNA PRÁTICA QUANDO JÁ
EXISTE SUBJETIVAMENTE: No Israel do tempo dos juízes, embora se observasse um
nível crescente de degeneração espiritual, não se havia chegado ao nível de uma
nova Sodoma. Mas já havia quem, juntamente com Satanás, o desejasse. Praticando
ou aprovando as práticas que lhe são típicas (Romanos 8: 18-32).
2ª. ) A UNIDADE EM TORNO DO PECADO FORTALECE POR DEMAIS
O INIMIGO: Ela oferece base de legalidade aos espíritos dominantes numa
cultura, fortalecendo as hostes do diabo grandemente nas regiões celestiais com
reflexo na vida prática. É tudo que Satanás mais deseja. Religiões, heresias e
algumas instituições se tornaram seculares e milenares em sua contradição
frontal ou dissimulada da verdade apenas prosperam essa causa.
E lembremo-nos do quanto o pecado oculto de um homem só,
Acã, enfraquecera o poderio de Israel na campanha de Josué contra a pequena cidade
de Aí, impondo ao povo judeu uma inesperada derrota.
3ª.) A UNIDADE EM TORNO DO PECADO
PRODUZ BAIXAS INCALCULÁVEIS NO MEIO DO POVO DE DEUS: E Israel, embora
consultando a Deus sobre qual tribo deveria enfrentar a de Benjamim, para,
enfim, punir do ultraje cometido em Gibeá, sofre duas fragorosas derrotas.
Perde naquelas batalhas quarenta mil homens, um exército e meio de todo o
contingente militar benjaminita.
4ª.) O INIMIGO SEMPRE CONTA EM SEU MEIO COM UMA ELITE
PODEROSAMENTE TREINADA. O exército de Benjamim era o menor entre todas as
tribos. Contava; contava, porém, com setecentos homens de Gibéa. Estes eram
canhotos e foram escolhidos a dedo, pois tinham a destreza de atirarem pedras
com a funda num fio de cabelo e não errarem. Percebe-se aqui, além da dedicação
a treinamentos, uma habilidade fora do comum, como soe acontecer com pessoas a
serviço das trevas. Eles transmitiam confiança aos homens de Benjamim, entre os
quais contavam sem dúvida com grande influência e carisma.
5ª.) POR QUE DEUS PERMITE DE ALGUNS DO SEUS CAIAM EM COMBATE?
Primeiro, para nos mostrar que Sua causa é justa; por isso, merece que por ela se dê a própria vida (Hebreus 12: 4). Segundo: para nos ensinar a jamais
desprezar o inimigo. E terceiro, até para provar o nosso grau de envolvimento à
causa. Se estamos nela pelo Senhor e Seus valores na mesma implícitos ou se
buscamos apenas dar uma satisfação à nossa consciência, satisfazer algum desejo
de glória pessoal ou demonstrar justiça própria.
E até chegarmos ao ponto que Deus requer para nos dá a
vitória, exige muita humilhação. Nas duas primeiras batalhas eles buscaram a
Deus, ouviram-no e seguiram Sua orientação. Foram para a luta, na expectativa
da vitória. Apenas na terceira, depois de se humilharem um pouco mais, é que
Ele deu-lhes a palavra final. Daí que, mesmo com a estratégia dada por Deus,
nem toda batalha será transformada em uma vitória aparente.
Algumas lutas valem por si mesmas. Há vitória também
quando apenas dizemos Não e oferecemos resistência ao inimigo. A palavra diz
textualmente que feriu o SENHOR a Benjamim diante de Israel, usando dez de um
exército de quatrocentos mil homens. Em verdade, a correção definitiva de
certos pecados ou níveis de iniquidade quem faz é Deus.
6ª.) OS MELHORES SOLDADOS ÁS VEZES ESTÃO NOS BASTIDORES,
SE COLOCANDO NAS BRECHAS. E NÃO HÁ MAIOR ESTRATÉGIA DE LUTA QUE A HUMILHAÇÃO E
A UNIDADE. Observe o quanto isso se choca contra os modelos de uma cultura
icônica e do espetáculo. Na vitória contra Gibéa ninguém (Nem soldado e nem
líder) se destaca individualmente, sequer é citado. O fator desunião pertence à
conta de Benjamin, que tinha virado as costas para o povo de Deus, para
tornar-se participante do pecado de quem havia se transformado em filhos de Belial. Porém, a unidade e a
humilhação das outras tribos diante do Senhor, com choro, jejuns, holocausto e oferta
pacíficas implicaram na restauração do altar de Deus no meio de Seu povo e na
derrota de Satanás. Primeiramente nas regiões celestiais, onde o inimigo tinha
base de legalidade para infringir derrotas após derrotas no povo de Deus, em
função do pecado, ainda que em níveis menores, entre o mesmo generalizado. E
depois ao nível da vida prática.
7ª) O SENTIMENTO DE ERRÔNEO DE IRMANDADE ARREFECE OS
PULSOS, TENDE A CULTIVAR INUTILMENTE LAÇOS ESPIRITUAIS (E DE ALIANÇAS) JÁ
QUEBRADOS, CONTRIBUINDO PARA A DERROTA DE TODOS.
Pelo lado de Benjamim: e em total desobediência aos
princípios bíblicos, a conivência e posterior defesa dos homens de Gibeá quase
lhe custa o extermínio. Se entendermos
que todo pecado é pecado primeiramente contra Deus (Salmo 51:4) não haverá como
fazermos vista grossa, deixar de admoestar ou de disciplinar (E às vezes é
preciso que seja exemplarmente.) a quem for preciso, ainda que cortando em nossa
própria carne.
Mas esse mesmo sentimento errôneo de irmandade das onze
tribos para com Benjamim lhes arrefece o ânimo na batalha (Juízes 20: 23) e por
certo contribui na derrota nas duas primeiras batalhas. Eles tiveram que
finalmente entender que os princípios que regem nossa a relação com Deus e a
fidelidade à Sua Palavra precisa ser mais forte que qualquer laço humano (Marcos
3: 31-34)
Donald C. Stamps,
comentando na (sua) Bíblia de Estudo Pentecostal, essa mesma narrativa
bíblica, nos lembra que “Uma situação similar existe hoje no novo concerto,
quando as igrejas se recusam a
disciplinar ou excluir membros vivendo em pecado. A tolerância do pecado e da imoralidade (i.
e. a atitude de omitir a disciplina bíblica) revela falta de sensibilidade
moral da própria congregação e infidelidade a Deus e à Sua Palavra”. E
acrescenta, citando alguns textos bíblicos, que o juízo contra tal congregação
é certo. E, de fato, as cartas do Senhor às sete igrejas no livro de Apocalipse
embasam totalmente o conceito. Percebemos que Laodiceia, na sua religiosidade
distorcida, é uma igreja já entregue a si mesma. E o Senhor não fala a ela como
Senhor; por isso, apenas aconselha-a. Quando penso que uma das formas primárias
do juízo de Deus é entregar indivíduos e coletividades inteiras a si mesmos
(Romanos 1: 22-28), vendo o que estamos a ver nesses dias tenebrosos, temo e
tremo. A começar por mim e pela nossa miséria espiritual, enquanto igreja
(Hebreus 12:4).
7 – LANCES DE UMA
PERDA GRADUAL DA IDENTIDADE ESPIRITUAL
1 – Em princípio, a
despeito da morte de Josué, partiu Israel para conquista da terra que ficou por
conquistar. Se a não dependência de um líder icônico demonstra maturidade, o
esmorecimento e falta de diligência naquele propósito fizeram com que apenas
sujeitassem o que havia restado dos cananitas ao trabalho forçado. Foi um ato
de desobediência, uma vez que Deus havia ordenado a expulsão completa; não a
convivência. A perversão moral da religião daqueles povos era o motivo. Deus
sabia onde aquilo podia chegar: p. ex.: o acontecido em Gibeá e a prostituição
das discípulas de Astarote em
plena Tenda da Congregação.
Era também cômodo
apenas subjugar os cananitas; revestia-se no lucro de se ter escravos. E aqui
vemos o fator econômico prevalecendo sobre a espiritualidade (Juízes).
2 – A Aliança feita
com Deus continha aspectos condicionais, entre eles o não fazer aliança com dos
povos da terra. Israel não apenas quebrou a aliança com Deus; deu-se ao
casamento misto. E adotando-o, passa também às práticas religiosas dos cananeus.
Foram seduzidos pela sua forma de culto.
3 – O inimigo, que começou subjugado iria
subjugá-lo, confundi-los e afligi-lo. E todo o clamor a Deus no Livro de Juízes
é alimentado pelo afã de ser socorrido
na aflição; nunca pela dor dos próprios pecados, desvio da Lei e pela miséria
espiritual que abatera sobre a nação.
4 – De início, há
referência à palavra rhema e à visitação esporádica de anjos; mas, ao final, já
nos tempos de Samuel ainda criança, tudo isso iria tornar-se uma raridade. Não
há nenhuma referência ao ensino sistemático da Palavra, exceto, a que se pode
inferir no ministério de Débora. E isso se reflete nos atos controversos dos
líderes, na confusão religiosa entre o povo, a degradação moral de quase todos,
ao ponto de se chegar ao acontecido em Gibeá. Até porque o quê haveria mais de
acontecer?
5 – Israel deixa
paulatinamente de se comportar como o povo da Aliança para se por em jugo desigual com os cananeus:
adere à cultura deles.
6 – O louvor e a
adoração inexistem; exceto no cântico de Débora.
7 – Sobre tudo,
perdeu Israel a percepção e a dimensão do que é ser santidade ao Senhor. II Pedro 1: 3-9; II Coríntios 6:14-7:1: Tito
2: 11-14.
VI – A RESPOSTA (APOSTÓLICA) DA BÍBLIA
1/ Nunca, como nos dias atuais e, conforme gosto de
dizer, entre a contemporânea mancebaria,
o termo “religioso” (O piedoso, da
Bíblia.) adquiriu no seio da cristandade tão alto teor de pejoratividade. Sem
dúvida que por causa da hipocrisia e dos exemplos no mínimo contraditórios,
dados por todos nós mortais, em alguma etapa de nossa vida espiritual oscilante,
caso sejamos julgados tendo por parâmetros a pessoa e os ensinamentos do
Senhor.
Em maior ou menor grau, para um número grande ou pequeno de
pessoas, em alguma etapa de nossas, vidas (E o apóstolo Pedro, antes e depois
da conversão, que o diga!) nos tornamos um sinal de contradição .
E, se quisermos ficar apenas na letra, aonde
aparentemente ainda não chegamos, o que nos dizem os dicionários? Por um de
seus dois lados, do respeito, amor e dedicação às coisas da espiritualidade (devoção);
e, por o outro, dos sentimentos despertados em nós pelo sofrimento alheio, os
quais nos levariam a desejar remediá-los. E não vejo nada mais incompatível a tais
pressupostos que essa sociedade consumo e cultura do espetáculo, incensadora do
culto ao deus do próprio ventre. Vivemos num cenário típico de um “evangelho”
inimigo da cruz de Cristo. Nele, a própria piedade é transformada em fonte de
lucro. Quando não, conforme já dissemos, pública e notoriamente ojerizada.
Se quisermos, porém, ir à Palavra do Espírito, somos
forçados a reconhecer que nas cartas pastorais de Paulo, temos na piedade
pessoal o mais alto nível de espiritualidade mensurável. Ela é a palavra chave
de todo aconselhamento; de todas as recomendações pontuais para o
reconhecimento de vocação, formação e instituição de lideranças; de todo possível
perfil que se possa traçar do fiel em contraponto ao desvirtuado e ao herético;
é a recomendação mais enfática Paulo à Timóteo, cuja função primordial era
servir de espelho às igrejas da Macedônia sob a sua liderança (I Timóteo 4:
6-10).
Lidamos muitas vezes hoje com crentes que sabem tudo e
estão em todas (Palestras, seminários, cursos, enfim, ministrações.), mas
praticam nada (Romanos 2: 17-24). Sei de uma mulher que, após participar de um
determinado curso e de ter estudado o tão altamente recomendado livro Mulher
Única, por razões não bíblicas, logo, motivo fútil, separou-se de seu marido. Pouco
tempo depois, foi ela pelo mesmo desmascarada numa relação de adultério. E nem
tinham ainda “regularizado” a novo estado civil. Situação de maior vexame, em
se considerando a condição de honra que tal pessoa tinha na comunidade, na qual
continuava, como apoio moral e “espiritual” dos desavisados, participante. Outra, descasada, logo após
participar de um retiro espiritual e sentir-se visitada e até receber palavras
ou “palavras” rhema, entregou-se ao namorado. Por sinal, um jugo absurdamente
desigual. E ficou chocada (Ainda bem. Pelo menos isso.) consigo mesma.
Não veja, minha prezada leitora (ou leitor), nos exemplos
dados, os quais poderiam também se aplicar a pessoas do sexo masculino, uma
crítica que possa soar gratuita. O que é preciso enfatizar (Até pra quem clama
e geme pelo avivamento e, dentre nós, alguns que transformaram o monte e não a
vida de oração numa espécie de culto.) é o seguinte: tudo o que não coopera
decisiva e definitivamente para exercício de pessoal da piedade é inútil (4:
7-b e 8). E até pode se transformar num grande perigo. Não foi sem motivo que
Jesus falou aos discípulos a respeito dos fariseus: Fazei tudo o que eles vos
disser (E aqueles caras sabiam das coisas!); mas não sigam o exemplo deles.
Falam e não praticam. E de fato, o
cristianismo (Que não é uma religião, mas uma vivência da fé salvífica no
Senhor.), é muito simples. O que nele faz a diferença e a ser alguém diferente é
a prática.
Mas o mais doloroso em nossos dias, em função do alto
teor de pejoratividade que o termo piedoso (religioso) adquiriu junto à
pós-moderna mancebaria não é ainda isso. Trata-se do fato de, num erro crasso
de percepção das coisas e paradigma da teologia do Deus bonzinho (O qual
aceitaria tudo, até mesmo a prática do pecado, pois quereria somente o nosso enganoso coraçãozinho.) é
fazer alguém pensar que o oposto da piedade é a liberdade cristã. Mesmo que no
seu conceito mais evasivo ou esvaziado do seu real significado: separação do
mundo e de suas concupiscências (Tito 2: 11-15). O que não é piedade tende a
ser definido como impiedade. Até porque nada tem a ver com as sãs palavras de
nosso Senhor Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a... Piedade!,
enfatiza o apóstolo Paulo (I Timóteo 6.6).
2/ Há uma maneira muito simples de se inferir a validade
de um comportamento e de se questionar o que alguém supõe ser uma prática
aceitável. É que para se conhecer a fundo qualquer doutrina ou princípio
bíblico precisamos de toda a palavra bíblica sobre determinado tema e corretamente interpretada. Mas para
desfazermos-nos de um conceito herético, não precisa muito: uma ou duas
passagens bíblicas às vezes bastam. E quantas práticas, usos e costumes que vão
se formando em nosso meio, em função da adesão da cristandade pós-moderna à
sociedade do consumo e à sociedade do espetáculo suportariam apenas a seguinte
pergunta: Mas o que isso tem a ver com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus
Cristo e com a doutrina que é segundo... a piedade?
3/ Nas cartas pastorais de Paulo são encontradas cerca de
uma dezena de referências ao que no meio de certa parcela da cristandade
pós-moderna adquiriu alto teor de pejoratividade. Isso em parte explica os tristemunhos que estamos, de forma
ilustrativa, obrigados a mencionar ao longo de toda esta obra, mais
especialmente neste capítulo.
Vale para o nosso tempo, da mesma forma que valeria para
o povo de Deus na era dos juízes.
E já não são mais casos isolados; mas uma prática
continuada, referendada por conceitos teológicos duvidosos. Na era dos juízes,
pela completa confusão (fusão de elementos incompatíveis) religiosa.
Em verdade, se atentarmos para o ensinamento de Paulo, verificaremos
que aquilo que não tem a ver com a piedade tem, por certo, algum nível de cumprimento
das predições do apóstolo para o fim dos tempos (I Timóteo 4: 1-4; II Timóteo
3: 1-9 e 4: 1-5). Chegou. E, infelizmente, parece que pra ficar (Apocalipse
22:11).
Mas o que diz o Espírito, através do apóstolo, sobre a
piedade?
1 – É o estilo de vida do cristão (I Timóteo 2:2).
2 - Implica na
mulher cristã se trajar em conformidade com a sua espiritualidade (2: 10 e
contexto). Na cultura ocidental, após a nudez ter tomado a linha de frente dos
usos e costumes, é bem possível a mulher ter que radicalizar-se entre beata
(espécie em extinção) e periguete (produção em série de alguns clone de
Jezabel). Em verdade, em verdade, vos digo: está tudo muito Apocalipse 22:11.
3 – É o mistério da fé, revelado na confissão e através
de uma conduta (3: 16).
4 – É o mais alto nível de espiritualidade pessoal que
Paulo recomenda a Timóteo como prática diária (4: 7-b).
5 – Promessa de vida nada ver com o presente século (4:
8).
6 – Se ainda não é, deveria ser o crivo do cristão pra
tudo. Principalmente o que diz respeito a ensinamentos e motivação para o
serviço ministerial (6: 3 e contexto).
7 – Não pode se transformar em fonte de lucro (6: 5):
dinheiro, poder, carisma, etc. e etc.
8 – Só é de certo modo lucrativa o com contentamento. E o
exemplo que o apóstolo usa deveria envergonhar-nos pelo fato de não buscarmos
reino antes de todas as outras coisas (6:6-8).
9 – Daqueles que apenas a aparentam devemos fugir: estão
na mesma conta do ímpio e do ímpio desses últimos dias (II Timóteo 3: 5).
10 - O próprio da
conhecimento da verdade por si mesmo de nada vale, se não for adquirido e
praticado na perspectiva de seu
exercício (Tito 1:1).
11 – Mais do que estilo um style: é o modelo de nossas vidas (Tito 2:12),
num contraponto com o modo mundano de se viver. (Mesmo que rotulado de gospel.)
V: O EXEMPLO DE DÉBORA.
1/ Débora é uma MULHER DE DEUS NUM TEMPO DESAFIADOR. E
torna-se inevitável, no levantamento de cenário e à pertinência dos paralelos traçados,
que sua pessoa mereça grande destaque.
Ela tinha diante de si o maior de todos os desafios.
Nenhum dos inimigos de Israel, em todo o livro de Juízes, é descrito com
tamanho poderio militar e tendo um comandante altamente reconhecido (4: 1-3).
Lembremo-nos de que nas campanhas de Moisés e Josué o poder bélico das nações
cananitas só não foi totalmente destruído, por causa da negligência de Israel
(Josué 13: 1-13). Embora pertença à linhagem dos primeiros juízes e tenha
vivido no final do primeiro ou no início do segundo século daqueles
quatrocentos de história, Débora tinha contra si:
- A sua própria condição feminina. Num tempo em que as
mulheres eram tremendamente desrespeitadas e/ou, deixando-se (algumas) se
desrespeitar, tornaram-se filhas de Astarote
(2:13), que já tinha iniciado o seu discipulado no meio do povo de Deus (3: 11
e I Samuel 2:22).
- O fato de (insistir em) exercer seu ministério
profético e de adoração em meio à apostasia espiritual e à condição de
servidão. Não consta que nenhum juiz, a exceção do exemplar e icônico Samuel (I
Samuel 12), tenha feito isso. Logo, ela é uma pioneira.
- Enquanto a autoridade espiritual dos demais, também
exceto Samuel, viera após um grande feito militar; e, portanto, o carisma se
fizera em decorrência do fato; Débora exerce a liderança tão somente em função
de sua reconhecida espiritualidade. A condição de esposa e, possivelmente, mãe
não depõe, como costuma acontecer nos nossos dias, contra a sua pessoa. Sabemos
que se não pode ser uma mestra do bem, agindo mal na vida doméstica (Tito 2:
3-5).
2/ Débora é o
EXTREMO OPOSTO daquela moça que se permite (com a conivência do pai) ao amasio
com o “levita” e tem um fim trágico (Cap. 19); da mãe tresloucada, a qual vendo
na piedade fonte de lucro, inspira o filho à confusão religiosa e arrasta toda
a família (17: 1-6); de uma Dalila da vida, que se utiliza da própria condição
feminina para manipular um homem fraco (Cap. 16); e de Jezabel infiltrada (E,
até mesmo “ministrando”!) na tenda da congregação (I Samuel 2:22; Apocalipse 3: 20). E possível que por
não ter ainda realizado um ato extraordinário, quem sabe não fosse desprezada
por uma parcela dos seus, mormente os que se entregaram a Baal (3: 1-6). O
contexto da história não permite a interpretação que todo o Israel, sem exceção,
subia
a ela a juízo.
3/ E NA DEFINIÇÃO DE SUA PESSOA, OS PARÂMETROS DE
VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE FEMININA.
Débora... A condição feminina está coloca ao ser ela nomeada,
antes de qualquer coisa. É a primeira líder de homens e mulheres. Retoma uma
tradição profética de ministério feminino no meio do povo de Deus,
aparentemente iniciada por e paralisada em Miriam, há pelo menos cem. E não se
tem notícia, um sequer elemento, de que tenha sido antecedida por outra pessoa.
A verdadeira espiritualidade estava tão em baixa em seu tempo, que o Anjo do
Senhor teve, às vezes, que intervir, à falta de quem pudesse comunicar Sua
palavra e da incapacidade do povo em Lhe obedecer.
A relutância de um Gideão e atitude de completa
indiferença de um Sansão na sua vida pessoal e familiar para com os princípios
bíblicos dizem muito disso.
O caráter de Débora foi forjado, através de sua piedade
pessoal (I Timóteo 4: 7-b e 8).
Espiritualidade, na qual se pode destacar, além do fato do Senhor tratar com o
indivíduo e não com o sexo deste (Desde que, óbvio, biblicamente definido e bem
resolvido, como é preciso, hoje, infelizmente enfatizar.).
a) Perseverança em meio à apostasia e à escravidão e dos
males decorrentes: fome, injustiça social, ambiente opressivo, devido o poderio
do inimigo.
b) Vida de oração que coloque o indivíduo em sintonia com
os propósitos e projetos de Deus. O Senhor, em resposta ao clamor de Seu povo,
mostrou a Débora o tempo, a estratégia e as pessoas que Ele queria envolvidas
na luta pela libertação. Além do papel que ela deveria publicamente
desempenhar, em princípio secundário (4: 6-9).
c) O conhecimento da Lei e dos feitos de Deus. Em todo o
livro de Juízes, apenas em 4: 4-5 é que temos a possibilidade de interpretação
de alguém fazendo o uso da Lei de Moisés, para reger a própria vida e a de
outros. Se, p. ex., fosse Débora uma religiosa tresloucada e de conselhos
idênticos, como a mãe de Mica (17: 1-6), não haveria esperança para a nação.
Além de profetisa, Débora é também uma mulher culta, poetisa.
Logo, seu ministério profético e de adoração é totalmente fundamentado na vida
de oração e na Palavra de Deus. Não se exige tanta cultura secular de um
ministro do Senhor quanto o conhecimento de Jesus e de uma embasada cultura
bíblica: pois a mais fidedigna interpretação de grande maioria dos textos
bíblicos encontra-se nas próprias Escrituras (Tito 1:9).
Profetisa... A condição ministerial, até por ser fruto da vida
espiritual de Débora, é posta em destaque antes da sua condição de esposa. A
lição a ser aprendida aqui é que a família não deve ser tomada como fator de
impedimento à espiritualidade e ao serviço aos santos. E pressupõe-se que o
principal suporte deveria (pelo menos em tese) ser dado pelo próprio cônjuge.
Da mesma forma, a vida espiritual e ministerial de qualquer pessoas deveria ter o seu melhor e
maior reflexo nos entes queridos, incluindo a parentela. A menos que se tenha
por esposo um Nabal ou por esposa uma Mical (ou até uma Jezabel). Sabemos, por
motivos que agora não é o caso, que nem sempre a coisa funciona estritamente
assim. O próprio Senhor Jesus que o diga!
Esposa de Lapidote... O nome do marido de Débora é citado somente uma vez
na Bíblia. E, hoje, milênios de depois,
soa apenas como um silêncio que fala. E talvez fale muito alto a respeito de
uma pessoa que, nos bastidores, certamente deu suporte do ministério
extraordinário de uma mulher extraordinária. A conduta do marido poderia a
inibir, e até limitar a ação ministerial esposa. Em se tratando da observância
estrita dos princípios bíblicos, até mesmo impedi-la, caso Deus na situação não
interviesse.
Ma isso nos leva a uma obrigatória reflexão: se Lapidote
não a inibiu, é porque sabia com quem vivia e de quem se tratava. Ele a
conhecia melhor que qualquer outra pessoa da nação. E outro ponto
importantíssimo a observar: Lapidote é citado de maneira honrosa. Esta honra
viria primeiramente da atitude de sua esposa para com ele. Se Débora ou o
ministério dela viesse a se tornar fator de desrespeito ou de desprezo à pessoa
do marido, já deixaria de ser serviço aos santos, como é próprio das mestras do
bem (Tito 2: 3-5), para transformar-se num discipulado de Jezabel.
Em nossos dias, até por uma questão de demanda, a
presença feminina tornou-se estratégica no serviço cristão. E são milhares,
quem sabe milhão, o número das mulheres que lideram (de pequenos a grandes
grupos) ou se tornaram ministras de louvor e da Palavra. A maior contribuição
que um marido cristão pode dar à igreja de Deus é ser um Lapidote para a sua Débora,
principalmente quando ele próprio não tem a vocação ministerial (Efésio 4:
7-14) Mas, fazendo o sentido contrário, a contribuição seria ainda maior se não
permitir alguém que não seja realmente uma mestra do bem venha a ocupar posição
de honra na casa de Deus. Até porque todo discipulado de Jezabel tende a levar
os nele (ou por ele) envolvidos à imoralidade.
Julgava a Israel
naquele tempo... Observamos que antes
de nos informar sobre o ministério de Débora, a sua condição espiritual está
colocada. Pertenço a uma igreja cujo ministério principal é o celular. E estive
sob a liderança e a supervisão de algumas mulheres. Funcionando, às vezes, como
consolidador e na articulação, tive com umas mais e outras menos, o devido
nível de convivência liderado-líder e ministerial. Deu-me o Senhor a graça de
honrar a uma dessas irmãs, com a articulação de uma célula, à qual, sob a
sua liderança, viria a cumprir bem o propósito.
Essa irmã vinha de uma experiência que deixara muito a
desejar, não por causa de sua dedicação, e até chegara a pensar em desistir
daquele ministério. Trata-se de uma pessoa de condição material humilde e
cultura elementar; mas um das poucas mulheres em que pude vislumbrar o perfil
traçado em I Pedro
3: 1-4, com ênfase no último verso. Porque é a espiritualidade que deve dar
conta ou testemunho das ações de uma pessoa e não as ações darem conta e
testemunho (no geral ou ao final, duvidosos) da espiritualidade.
Como já disse, a pós-modernidade tem gerado um perfil de
mulher bipolar, transitando entre um estado depressivo ao o altamente
estressado. Mormente na vida conjugal e na área doméstica. Não creio que
nenhuma autêntica mulher de Deus, por mais justificativa que busque ou
apresente, possa surgir daí, sem que resolva no Senhor tal situação. As Déboras
que a igreja de Deus precisa têm que exercitar-se pessoalmente na piedade,
conforme a instrução de Paulo a Timóteo, em sua árdua missão de ser modelo na
comunidade (I Timóteo 4: 6-8). E isso, certamente, no maior das vezes, irá
implicar (como já o disse em poema) na troca dos holofotes pelo holocausto; em
amar até o fim e fazer do amor a única finalidade; cobrar nada e pagar o alto
preço. É preciso graça sobre graça.
VI – E NA EXATA COMPREENSÃO DO PRINCIPAL PARALELO, A
MELHOR DEFINIÇÃO & PROJEÇÃO DE TODAS AS COISAS.
Conforme já dissemos, a leitura do Livro dos Juízes de
imediato nos chama a atenção para os fatores determinantes da vida espiritual
pífia e do nefasto ambiente sócio-cultural em que a comunidade judaica
deixou-se envolver.
Israel vergonhosamente fica como que atolado no fundo de
poço de um lugar-incomum tornado comum e sem saída. E isso se dá após entrada
na terra da promessa, tão logo finda a liderança (e a vida) de Josué (Juízes 2:
6-23).
Nós cristãos, gostamos de fazer o seguinte paralelo:
também fomos libertos do Egito (O mundo.); atravessamos o Jordão (Batismo.); e
entramos na terra da promessa, para então a conquistarmos e desfrutarmo-nos do
seu “bom e do melhor”.
Sou de opinião, porém, e a Bíblia concorda comigo, que o
bom e o melhor de Deus nessa Terra é a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele
é o pão vivo que desceu do Céu. E, conforme testifica, a Sua carne deveria ser
a nossa verdadeira comida e o Seu sangue, a nossa verdadeira bebida. E aquele
de Dele se alimenta por Ele (de maneira plena) viverá. Isso é João capítulo 8 e
eis em essência a experiência cristã na sua autenticidade. Mas traz implicações...
De fato, dessa compreensão ou não das coisas é que se
define, na vida prática de cada um, com maior ou menor intensidade, ostensiva ou
sutilmente, a piedade dolosamente tomada como fonte de lucro (I Timóteo 6:
3-10) ou o compromisso com a espiritualidade e a missão do Senhor de servir e
dar-se a si mesmo pelo resgate de muitos (Marcos 10: 45).
E daí, caberia os seguintes contrapontos: holocausto versus holofotes; o fazer missões versus o perseguir (e o desfrutar
futilmente de) de "obrigatórios" padrões de vida; a busca diligente dos dons do Espírito versus bens materiais; e, por fim, a mensagem
da cruz, factível de ser pregada em as todas as nações, povos e culturas versus um evangelho que a renega em sua praxe (Filipenses 3: 17-20). E este último, com recepção e
maior inserção, óbvio, somente nos países onde predomina (sem nenhum sofisma ou
subterfúgios) o estado democrático de direito. Tendo-se em vista que os reinos
e as “repúblicas” do fundamentalismo
religioso e as republicas “populares” na categoria não se encaixam.
Inexistentes que são, em seus territórios, a liberdade de culto, de expressão e
de opinião e demais valores do gênero direitos humanos.
Mas é a janela
10-40 quem mais precisa da loucura da pregação!
(I Coríntios 1: 18).
VII –
PRÓXIMA POSTAGEM: O Xis da Questão.